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HOLANDA EM TELA
Cidade de construtores e mercadores habitada por pessoas de 162 países assiste a vai-e-vem de contêineres
Roterdã se espicha em direção ao mar
DO ENVIADO ESPECIAL À HOLANDA
"Um dia chegaremos de bicicleta à Inglaterra." A frase bem-humorada, de um funcionário do
porto de Roterdã, resume um bocado do que é essa cidade, 65 quilômetros a sudoeste de Amsterdã.
Construir é uma habilidade que
sobra nos habitantes da capital industrial holandesa. Totalmente
devastada por bombardeios na
Segunda Guerra, a cidade erigiu a
partir dos anos 40 uma das arquiteturas mais arrojadas da Europa.
Mas mais do que construir, o
morador de Roterdã sabe mesmo
é mercar. E é por isso que a sede
do maior porto do mundo vem
ampliando, incansavelmente,
suas dimensões. Rumo ao mar.
Com 45 quilômetros de extensão, boa parte deles já feitos em
aterros, a grande porteira naval
européia está "roubando" do mar
do Norte mais mil hectares.
Dos 120 mil navios que visitam
anualmente esse porto holandês,
trazendo nos lombos 322 milhões
de toneladas, praticamente nenhum importa turistas.
O que não impede que a cidade
receba a sua pequena cota de visitantes ociosos, inclusive para ver
suas instalações portuárias.
Uma empresa chamada Spido
(www.spido.nl) centraliza essas
excursões pelo universo infindável de contêineres.
Esses caixotões metálicos de
transportar carga, aliás, são onipresentes em Roterdã. Difícil conhecer um deles que em algum
momento de sua vida não tenha
passado pela cidade.
O vai-e-vem dos contêineres é
acompanhado, como em outras
cidades portuárias, por um intenso intercâmbio de culturas. Basta
dizer que no 1 milhão de habitantes de Roterdã estão pessoas vindas de 162 países.
Nessas "Nações Unidas", muito
forte é a presença muçulmana.
Mais de 20% dos moradores rezam virados para Meca. O panculturalismo da cidade do pensador
Desiderius Erasmus Roterodamus, ou Erasmo de Roterdã
(1466-1536), é acompanhado pela
juventude. Cerca de 70% da população tem menos de 18 anos.
As duas características combinadas não dão a Roterdã o viço
artístico que se poderia imaginar.
Mas a capital cultural européia de
2001 tem um punhado razoável
de atrações nesse campo. O Centro de Arte Contemporânea Witte
de With, dirigido pela conceituada Catherine David, o museu
Boymans-Van Beuningen, mais
tradicional, e o Festival Internacional de Cinema (em janeiro)
são os principais pólos culturais.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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