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OLHA EU AQUI!
Este time topa todas em nome da audiência
Flávio Florido/Folha Imagem
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O apresentador da MTV Marcos Mion |
MARCELO MIGLIACCIO
DA REDAÇÃO
NA ERA do controle remoto, um segundo de monotonia pode custar a
qualquer programa uma queda de audiência irrecuperável. E a avidez das
emissoras por atrações que prendam a
atenção do telespectador -mesmo que
ele não mude de canal por estar chocado
com o que vê- revelou a existência de
um time capaz de desempenhar os mais
impensáveis papéis na TV. É a turma que
"topa-tudo", levando alegria e alívio a
produtores desesperados.
Ridículo, arriscado, grotesco, invasivo,
cafona... seja qual for a situação idealizada pelas cabeças pensantes da TV brasileira, existe sempre alguém disposto a
encarar. Há dois domingos, por exemplo, a repórter do "Fantástico" Glória
Maria, superou o medo e passou de um
balão ao outro, a centenas de metros de
altura, em mais uma de suas performances. "Não sei como aceitei esse desafio",
disse ela, lívida, depois do feito.
Glória estava presa a cabos, mas risco
mesmo correu o saxofonista Derico,
aquele piadista bissexto para quem Jô
Soares costuma fazer "escada" em seus
programas. Ele entrou numa câmara hiperbárica (onde a pressão do oxigênio
pode ser regulada), usada em clínicas de
rejuvenescimento, e foi esquecido lá. "Fiquei morrendo de calor, quando se lembraram de me tirar, já tinha arrancado o
paletó, a gravata e a camisa", conta.
Derico, que já vestiu lingeries eróticos,
comeu carne de rato e até um buquê de
flores, brinca que logo terá de mudar seu
nome para "Demico ". "Estou com o Jô
há 12 anos; ele foi pedindo e eu fui fazendo. Mas não estou lá só para pagar mico,
sou músico, já lancei disco, livro e tenho
um site que já chegou a ter 300 mil acessos num mês."
O apresentador Otávio Mesquita diz
que a coisa mais esquisita que fez diante
das câmeras foi invadir a sede da Rede
Globo, no Rio. "Eu era da Rede TV! e, depois de ser barrado em três portarias, escalei o muro da Globo com corda e escada. Deu pico de 10 pontos no Ibope. Sou
pago para ser entrão."
Adepto da teoria de que tudo o que é
bacana e bem-feito em TV não dá audiência, Mesquita, no entanto, diz ter autocensura. "Eu nunca mostrei nu frontal
nem discuti com ninguém no vídeo." E
surpreende novamente ao revelar que
não gosta que o filho veja televisão. "O
povo não está acostumado às coisas
boas, os diretores só colocam bunda."
Por falar nisso, a apresentadora do
"Noite Afora" (Rede TV!), Monique
Evans, também joga no eclético time dos
desinibidos. Ela é capaz de levantar o
short de um convidado para aferir seus
atributos masculinos e não se acanha em
entrar numa banheira minúscula com
mais um casal. "Eu não faço nada que me
constranja. Quando não me sinto bem
num programa, vou embora no meio,
como já fiz uma vez no Chacrinha e outra na Hebe", diz ela, lembrando ser
evangélica e usando a fé como escudo
contra as críticas.
Max Fivelinha, uma espécie de coringa
da MTV, já apareceu vestido de noiva e
fez compras caracterizado como dondoca. "Estou sempre disposto a fazer coisas
que as pessoas acham ridículas, gosto de
exercitar meu lado comediante, mas é
preciso que tenha conteúdo, que valorize
meu trabalho. Jamais faria uma pegadinha com alguém, por exemplo ."
Seu colega de emissora, Marcos Mion,
apresentador de um programa que ridiculariza clipes malfeitos, já imitou Roberto Carlos e apareceu nu na festa do
Video Music Brasil, promovida pela
emissora. Talvez para evitar mais um
"mico", ele não respondeu às perguntas
encaminhadas pelo TV Folha.
O DJ Zé Pedro, que trabalha com
Adriane Galisteu no "É Show", da Record, é o que se pode chamar de um cara
"cabeça feita ". Ele garante nunca ter repetido um de seus esdrúxulos adereços
em dois anos de aparições na TV. "Minha imagem sempre foi espalhafatosa,
nunca fui neutro, sempre usei roupas e
óculos coloridos. Jamais apareceria de
jeans e camiseta em cena."
Zé Pedro conta que seu adereço mais
espalhafatoso nem sequer entrou em
cena. "Era um grande aquário, cheio de
água e com peixes falsos dentro, mas
não deu para sair do camarim e tive que
modificá-lo às pressas." Segundo ele, a
TV é para poucos e bons. "Quem não
tem carisma não fica."
E como "ficar na TV" parece ser um
dos sonhos da vencedora do primeiro
"No Limite", a cabeleireira Elaine Melo,
além de investir num curso de teatro,
tem aceitado as mais ingratas tarefas
propostas por produtores. Uma das últimas foi encarar o touro-mecânico no
programa "Superpop". "Não sou a única obesa do mundo, não vou deixar de
viver por causa dos outros. Só não participo de quadros que possam magoar
outras pessoas."
Nem tudo está perdido.
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