São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2001

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PERFIL

Mônica Waldvogel

A jornalista Mônica Waldvogel é a mais nova aquisição da Record. Após um ano comandado o global "Bom Dia Brasil", ela irá ancorar, a partir deste mês, o telejornal matutino "Fala Brasil". Sobre a diferença entre as duas emissoras, diz que "a Globo tem mais estrada em jornalismo, mas a Record está investindo e tem vontade política". Para ela, o jornalismo, que deveria ser carro-chefe da TV nacional, está sendo tratado com desdém.

DA REPORTAGEM LOCAL

Você já estava nos planos da Record desde maio de 2000, por que só agora foi fechada a negociação?
Porque eu tinha contrato com a Globo, que venceu no final de 2000. Informei que não queria renovar e comecei a negociação com a Record. Agora, estamos reformando cenário e vinhetas. Devo estrear em meados de fevereiro.
Você se limitará a ser a nova âncora do "Fala Brasil" ou o programa passará por reformulações mais profundas?
Toda vez que muda um editor-chefe há alterações porque há um conjunto de valores jornalísticos que cada editor traz. Tenho de fazer mudanças dentro da realidade da Record, tomar contato com a infra-estrutura disponível para que seja montado o projeto editorial com base nesses recursos. Será um novo produto, mas algumas marcas serão mantidas.
Você pretende emitir opiniões, como seu atual colega Boris Casoy?
Boris tem um estilo próprio, que vem de uma longa experiência jornalística. Fazer comentários, como ele faz, não faria. Mas há mil coisas que revelam a opinião de um âncora, de um editor-chefe de um programa. Um jornal matutino é mais informal que um noturno. No da manhã, você recupera os assuntos importantes da véspera e tenta antecipar o que virá durante o dia. Então, ele é necessariamente opinativo, porque concilia reflexão sobre o dia anterior e assuntos que são importantes no dia. Análise e comentários aparecerão, mas dissolvidos nas conversas com Rodolfo Gamberini (que dividirá com ela a apresentação) e nas entrevistas que faremos.
O que você aproveitará do "Bom Dia Brasil" e o que deixará para trás?
O "Bom Dia Brasil" atende a um público composto por dirigentes econômicos, analistas políticos, formadores de opinião em geral. Como o "Fala Brasil" entra no ar logo depois desse programa, não deve ser tão centrado em economia. Gosto do tema, mas o jornal terá outros assuntos, até porque na Record tenho o dobro do tempo que tinha na Globo.
Que tipo de público você espera encontrar na Rede Record?
O telespectador da manhã tem pouca alternativa, pois muitos canais já estão exibindo programas infantis, mas muita gente ainda está em casa. Posso municiá-lo com informações. Existe um público que fica em casa, aposentados, donas-de-casa. Uma audiência semelhante à dos jornais do horário do almoço, aliás um público inteligente. Gente vivida, que passou por várias crises econômicas.
A Record possui vínculos com a Igreja Universal do Reino de Deus. Qual será seu procedimento se tiver de dar uma notícia crítica em relação à Universal?
Pelo que pude perceber, por relatos do diretor de jornalismo e de Boris Casoy, entre outros, a Record está sendo administrada de forma absolutamente profissional. Produtos jornalísticos precisam ter credibilidade, e é esse o aval que ela está dando para seus profissionais. É uma emissora que se coloca no mercado comercial, não no mercado religioso.
O jornalismo tem sido posto em segundo plano na TV brasileira?
Algumas emissoras fazem absoluto pouco caso do jornalismo, que é carro-chefe de TV, pelo imediatismo, a possibilidade de mostrar coisas rapidamente, ao vivo. Pela cultura televisiva que o brasileiro tem, é um desperdício a maneira como as TVs deixam de investir nessa área. É crucial que uma pessoa possa ligar na sua emissora predileta e obter informações sobre determinado fato. Não consigo entender como fazem um projeto de TV sem apostar em jornalismo. Atualmente, só vejo a Record investindo.
Na época de sua saída da Globo, comentou-se que você teria deixado a emissora por supostos atrasos. Qual é a sua versão?
Ah, pelo amor de Deus, nem quero mais falar sobre isso. Não se tratava de atrasos, mas de correria, de chegar em cima da hora porque tinha de fechar dois jornais. E, ao contrário dos âncoras que me antecederam, que eram homens, tinha de fazer maquiagem e cabelo. Fazia dois jornais, um em que eu me conectava com o Rio, o "Bom Dia Brasil", e o "Bom Dia São Paulo", do qual eu era editora-chefe. Houve momentos em que eu cheguei esbaforida, faltando alguns minutos, mas a Globo estava acostumada a esse pique. (BRUNO GARCEZ)
BLITZ
Nome: Mônica Walvdvogel
Nasceu em: 9/2/1956
Natural de: São Paulo (SP)
Emissoras por quais já passou: Manchete, SBT e Globo
Principais coberturas: CPI do PC e Plano Collor ("Era incrível, as pessoas desesperadas e a aquela equipe econômica totalmente indiferente.")



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