|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL
Mônica Waldvogel
A jornalista Mônica Waldvogel é a mais nova
aquisição da Record. Após um ano comandado o global "Bom Dia Brasil", ela irá ancorar, a partir deste mês, o telejornal matutino
"Fala Brasil". Sobre a diferença entre as duas
emissoras, diz que "a Globo tem mais estrada em jornalismo, mas a Record está investindo e tem vontade política". Para ela, o jornalismo, que deveria ser carro-chefe da TV
nacional, está sendo tratado com desdém.
DA REPORTAGEM LOCAL
Você já estava nos planos da Record desde maio de 2000, por que só agora foi fechada a negociação?
Porque eu tinha contrato com a Globo,
que venceu no final de 2000. Informei
que não queria renovar e comecei a negociação com a Record. Agora, estamos
reformando cenário e vinhetas. Devo estrear em meados de fevereiro.
Você se limitará a ser a nova âncora do
"Fala Brasil" ou o programa passará por
reformulações mais profundas?
Toda vez que muda um editor-chefe há
alterações porque há um conjunto de valores jornalísticos que cada editor traz.
Tenho de fazer mudanças dentro da realidade da Record, tomar contato com a
infra-estrutura disponível para que seja
montado o projeto editorial com base
nesses recursos. Será um novo produto,
mas algumas marcas serão mantidas.
Você pretende emitir opiniões, como
seu atual colega Boris Casoy?
Boris tem um estilo próprio, que vem
de uma longa experiência jornalística.
Fazer comentários, como ele faz, não faria. Mas há mil coisas que revelam a opinião de um âncora, de um editor-chefe
de um programa. Um jornal matutino é
mais informal que um noturno. No da
manhã, você recupera os assuntos importantes da véspera e tenta antecipar o
que virá durante o dia. Então, ele é necessariamente opinativo, porque concilia
reflexão sobre o dia anterior e assuntos
que são importantes no dia. Análise e comentários aparecerão, mas dissolvidos
nas conversas com Rodolfo Gamberini
(que dividirá com ela a apresentação) e
nas entrevistas que faremos.
O que você aproveitará do "Bom Dia
Brasil" e o que deixará para trás?
O "Bom Dia Brasil" atende a um público composto por dirigentes econômicos,
analistas políticos, formadores de opinião em geral. Como o "Fala Brasil" entra no ar logo depois desse programa,
não deve ser tão centrado em economia.
Gosto do tema, mas o jornal terá outros
assuntos, até porque na Record tenho o
dobro do tempo que tinha na Globo.
Que tipo de público você espera encontrar na Rede Record?
O telespectador da manhã tem pouca
alternativa, pois muitos canais já estão
exibindo programas infantis, mas muita
gente ainda está em casa. Posso municiá-lo com informações. Existe um público
que fica em casa, aposentados, donas-de-casa. Uma audiência semelhante à
dos jornais do horário do almoço, aliás
um público inteligente. Gente vivida, que
passou por várias crises econômicas.
A Record possui vínculos com a Igreja
Universal do Reino de Deus. Qual será seu
procedimento se tiver de dar uma notícia
crítica em relação à Universal?
Pelo que pude perceber, por relatos do
diretor de jornalismo e de Boris Casoy,
entre outros, a Record está sendo administrada de forma absolutamente profissional. Produtos jornalísticos precisam
ter credibilidade, e é esse o aval que ela
está dando para seus profissionais. É
uma emissora que se coloca no mercado
comercial, não no mercado religioso.
O jornalismo tem sido posto em segundo plano na TV brasileira?
Algumas emissoras fazem absoluto
pouco caso do jornalismo, que é carro-chefe de TV, pelo imediatismo, a possibilidade de mostrar coisas rapidamente, ao
vivo. Pela cultura televisiva que o brasileiro tem, é um desperdício a maneira
como as TVs deixam de investir nessa
área. É crucial que uma pessoa possa ligar na sua emissora predileta e obter informações sobre determinado fato. Não
consigo entender como fazem um projeto de TV sem apostar em jornalismo.
Atualmente, só vejo a Record investindo.
Na época de sua saída da Globo, comentou-se que você teria deixado a emissora
por supostos atrasos. Qual é a sua versão?
Ah, pelo amor de Deus, nem quero
mais falar sobre isso. Não se tratava de
atrasos, mas de correria, de chegar em cima da hora porque tinha de fechar dois
jornais. E, ao contrário dos âncoras que
me antecederam, que eram homens, tinha de fazer maquiagem e cabelo. Fazia
dois jornais, um em que eu me conectava
com o Rio, o "Bom Dia Brasil", e o "Bom
Dia São Paulo", do qual eu era editora-chefe. Houve momentos em que eu cheguei esbaforida, faltando alguns minutos, mas a Globo estava acostumada a esse pique. (BRUNO GARCEZ)
BLITZ
Nome: Mônica Walvdvogel
Nasceu em: 9/2/1956
Natural de: São Paulo (SP)
Emissoras por quais já passou: Manchete, SBT e Globo
Principais coberturas: CPI do PC e
Plano Collor ("Era incrível, as pessoas
desesperadas e a aquela equipe
econômica totalmente indiferente.")
Texto Anterior: Bolo de noiva: Casamento de "astros" vira programa principal Próximo Texto: Cenários: Turismo pega carona com a Globo Índice
|