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NADA SE CRIA
Escritora afirma que Globo copiou história de seu livro
da Reportagem Local
A escritora curitibana
Heloísa Hilário Kohler
acusa a Rede Globo de plagiar um livro nunca publicado que ela escreveu em
1989, usando a história em
sua nova trama das sete,
"Andando nas Nuvens".
A petição foi entregue na
17ª vara cível do Rio de Janeiro e recebeu a apreciação da juíza Teresa de Andrade Castro Neves Nogueira, no dia 16 de março.
A Globo foi notificada e
deve defender-se até a próxima sexta, dia 9. Se o processo for instaurado e a
emissora perder, poderá
ter que pagar à autora indenização de R$ 2 milhões.
O livro conta a história
de um homem que se suicida e nasce novamente
dentro da mesma família
como o filho mais novo,
resultado de segundo casamento de sua mulher.
Ele cresce como o filho
mais jovem e sofre um acidente aos 18 anos. Quando
acorda, descobre que, na
verdade, passou um mês
em coma e que seu renascimento foi um sonho.
A trama de Euclydes Marinho mostra um homem
que sofre uma doença que
o faz dormir por 18 anos.
Quando acorda, o mundo
ao seu redor mudou.
Como a novela está no ar
em todo o Brasil, Kohler
acha que não poderá mais
publicar o seu livro porque
será ela a acusada de plágio. "Quero que eles reconheçam que se inspiraram
em minha obra", afirma.
A autora diz que ficou
surpresa ao ver chamadas
no início de janeiro sobre a
nova trama da Globo. Para
ela há diversas semelhanças entre a idéia básica de
seu livro e a da novela escrita por Marinho.
Segundo Kohler, o livro,
que se chama "O Lado
Oculto", foi enviado à
Globo no início de 1991 para que fosse avaliado por
Mário Lúcio Vaz, atual diretor da Central Globo de
Controle de Qualidade.
Meses depois, a autora
conheceu o designer gráfico Hans Donner, responsável por diversas aberturas e vinhetas veiculadas
na emissora. Naquele ano,
ela promovia eventos e organizou uma palestra de
Donner em Curitiba (PR).
Sem resposta da emissora, a autora entregou outra
cópia ao designer, esperando que, com sua ajuda,
recebesse mais atenção.
Donner teria contando à
autora que, para Vaz, a
trama poderia ser um especial de uma hora de duração. Kohler diz ter cópia
desse memorando escrito
por Vaz.
O próprio Donner, ainda
segundo a escritora, lhe
enviou a cópia via fax. Ele
confirma a história, afirmando que conheceu Heloisa Kohler em 1991 e entregou o texto a Vaz.
"Na época, não era proibido -como é hoje- que
pessoas de fora do setor de
criação recebessem histórias", conta Donner.
O designer diz que não
leu o texto, apenas o encaminhou. Foi ele quem, antes da escritora tentar processar a emissora, levou o
caso à diretoria.
O departamento jurídico
da Globo atesta que não vê
semelhança entre as tramas. Marinho, o autor da
novela, diz que a acusação
de Kohler é absurda.
"Se eu fosse copiar a
idéia dela, a primeira coisa
que mudaria seria o período de 18 anos. As remotas
semelhanças que possam
existir são coincidências",
conclui.
(ALEXANDRE MARON)
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