EDSON FRANCO
Editor de Veículos

A partir de amanhã, o Eurochannel (TVA e DirecTV) apresenta mais uma prova de que, muito mais do que os norte-americanos, os franceses dão ao jazz o status de arte e objeto de estudo sério. Trata-se da série de programas "Jazz Collection", que conta a história de músicos praticantes do estilo.
Mas a graça dos programas está justamente na hora em que o enfoque escapa do espectro eminentemente biográfico e envereda pelas implicações sociais, comportamentais e musicológicas do artista em questão.
Num ritmo proustiano, os programas vão fundindo flashes menos distantes com as passagens mais remotas da vida do músico. No meio desse vaivém, críticos e musicólogos franceses ajudam o telespectador a entender a importância do biografado.
É esse aspecto que torna os programas interessantes para aqueles que são iniciados no jazz. Apesar de esmerado, o trabalho de pesquisa não conseguiu resgatar imagens ou revelações que já não fossem de conhecimento relativamente geral.
Em compensação, pessoas que não são familiarizadas com o estilo encontram em "Jazz Collection" um condutor confiável para transpor a linha que separa o ignorante do iniciado.
Abrindo a série, a biografia do "band leader" Count Basie não se limita a contar a história do músico. Em vez disso, explica e exemplifica a gênese, o apogeu e o declínio das big bands jazzísticas.
No programa dedicado a Louis Armstrong, o espectador assiste à sua ascensão e queda nos palcos, com clipes que vão de 1933 a 1970. Como curiosidade, há o registro da visita que o trompetista fez a Gana em 1965.
O Eurochannel planeja dar continuidade à série no mês que vem, com programas sobre o baterista Max Roach, o saxofonista John Coltrane, o pianista Bill Evans e o saxofonista Gerry Mulligan.