São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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FESTIVAL ALOPRADO

Canal exibe 14 longas do comediante que mostrou o lado cruel do "american way of life"

Telecine Happy mostra Jerry Lewis

BRUNO SAITO
DA REDAÇÃO

É PRECIPITADO encarar um festival de filmes do comediante Jerry Lewis apenas com uma alegria saudosista. O tempo nem sempre é sábio: grandes engodos alcançam o status de clássico apenas devido à idade avançada -assim como o respeito devotado às pessoas idosas. Não é o caso.
Com a programação de longas-metragens que o canal pago Telecine Happy exibe a partir de amanhã, sempre às 21h45 (veja quadro ao lado), temos mais uma oportunidade de olhar novamente sobre a obra de Lewis. O preconceito em relação a esse ator e diretor nascido em 1926 resume-se a encará-lo apenas como um histérico comediante e, suas obras, como tapa-buracos em qualquer "sessão da tarde" desvalorizada. Injustiça das maiores. Até hoje subestimado, Lewis é parte de uma geração que trouxe grandes rebeldes do cinema e do comportamento jovem. Em nível diferente dos ícones máximos do desajuste, como James Dean e Marlon Brando, ele bradava o direito de ser diferente em uma sociedade tão supostamente perfeita (e não menos cruel do que a atual). Se estudassem na mesma classe, ele seria o típico garoto franzino ridicularizado pelos fortões. Difícil imaginar o bobalhão e careteiro Lewis com missões tão nobres? Basta rever filmes desta mostra, que recupera pérolas de sua melhor fase (anos 50 e 60), em que fazia parte de um time genial que incluía o ator Dean Martin e o diretor Frank Tashlin. Produções como "O Professor Aloprado" (dia 15), "Bancando a Ama-Seca" (dia 11) e "O Terror das Mulheres" (dia 12) mostram o lado um tanto cruel do "american way of life". Vemos personagens que valorizam a aparência em detrimento da essência. Dom Quixote Por trás de fabulinhas aparentemente banais, Lewis encarnava um Dom Quixote abestalhado que usava o bom coração, a ingenuidade e o inusitado como defesas. É o triunfo dos bons e a justiça que sempre vinga.
Com suas performances dignas de um "Tom & Jerry", o ator abria verdadeira "caixa de Pandora". Não é exagero dizer que praticamente 90% do que é feito hoje na comédia norte-americana vem do estilo de Lewis. A conferir no "Festival Jerry Lewis - O Mestre do Riso".



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