DA REPORTAGEM LOCAL

"É impressionante, basta a pessoa se lançar como VJ que logo começa o assédio de outras emissoras", afirma José Wilson, diretor de marketing da MTV.
De fato, hoje há "crias" da MTV em quase todas as emissoras: Na Globo, Maria Paula virou primeira-dama do "Casseta & Planeta Urgente", Zeca Camargo apresenta o "Fantástico", Márcio Garcia comanda o "Gente Inocente!" e Chris Couto passou a ser atriz da novela das sete. Após o fim do "Programa Livre", Babi volta ao ar no SBT em "Ilha da Sedução". Ainda tem Astrid Fontenelle no "Melhor da Tarde" e Sabrina Parlatore no "Clip Mania", ambos da Band, Otaviano Costa na Record e Soninha, demitida da TV Cultura, hoje é comentarista no ESPN Brasil.
Mas, quando saem da MTV e tentam fazer algo semelhante na TV aberta, o resultado às vezes não é bom. "Fica sempre forçado, uma coisa meio "tiozão", como se o público fosse imbecil", afirma Wilson. "Eles só têm sucesso em outros canais se partem para algo diferente, sem imitar o que faziam aqui", diz Wilson.
Marcos Mion, 23, que hoje apresenta "Sobcontrole" -ex-"Descontrole"- , da Band, discorda: "Essa história de que VJ não dá certo fora da MTV é a coisa mais maldosa que existe! Vai perguntar pra qualquer um se está insatisfeito!".
Mion atribui sua saída do canal musical à necessidade de "sair de baixo das asas da "mãe MTV'" e conta como foi a transição: "Senti um choque tremendo. A pressão vem do ibope e do dinheiro envolvido, que tornam o erro inaceitável e os produtos, descartáveis".
A ex-VJ Cuca Lazarotto, 33, também sentiu a pressão quando passou pela Globo, onde fez reportagens e sorteios no "Domingão do Faustão". "Eu tinha de trabalhar muito atenta, não tão espontânea, para que tudo saísse bem; mas minha intenção era aprender", conta Cuca, que hoje comanda o "Disney Planet", do canal pago Disney.
"Quando chega à TV aberta, esse pessoal tem de se domesticar para sobreviver e acaba ficando forçado", diz o ex-VJ Gastão Moreira, 35, que se considera um privilegiado por ter ido para a TV Cultura. Seu programa, o "Musikaos", estréia nova fase no próximo sábado, com novo cenário, mais entrevistas e espaço para todas as artes. "Quando fui demitido da MTV, quase fui apresentar um "game" na Record, mas desiti quando vi o nível das perguntas que teria de fazer", conta.
O VJ Thunderbird, 41, hoje o mais antigo da MTV, foi contratado pela Globo em 94 e fez lá a cobertura do Carnaval e um quadro do "Fantástico", além de apresentar o musical "TV Zona". Mas acabou voltando para a MTV: "Não gostei; não me sentia à vontade na Globo".
A ligação de Thunderbird com a MTV é tão forte que ele está escrevendo um livro sobre os bastidores da emissora, com lançamento previsto para o fim do ano. "Na verdade, nunca saí daqui, sempre serei "aquele cara da MTV"."
Outro que também cedeu aos encantos da Globo, não se adaptou e voltou para a MTV foi Cazé Pecini. Depois de nove semanas, seu programa, "Sociedade Anônima", exibido nas noites de domingo, foi tirado do ar. "Acho que fomos até bem no ibope, mas nunca é suficiente para eles. Não foi um erro no formato do programa, mas falta de planejamento da emissora, que insistiu naquele horário ingrato", diz Cazé, que hoje apresenta "Tome Conta do Brasil", na MTV.
Ele reclama da falta de liberdade na Globo: "Tive duas ou três reportagens barradas; não interessava a eles alguém tão crítico como eu". (CM)



Texto Anterior: Tem vaga na MTV: O sonho de ser VJ
Próximo Texto: Multishow inicia série de especiais sobre Elvis Presley
Índice