São Paulo, domingo, 5 de abril de 1998

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SBT
"Márcia" assume assistencialismo


Neste mês, programa passa a ser diário e terá edições especiais para "ajudar as pessoas"


DANIEL CASTRO
da Reportagem Local

O "Márcia" não será mais aquele programa do SBT em que pessoas comuns lavam roupa suja ou saem no tapa. A partir do próximo dia 13 (a confirmar), o telebarraco passa a ser diário, entra no ar às 20h30 e, o mais importante, "vai a ajudar as pessoas de forma prática e não apenas emocional", oferecendo socorro "físico e psicológico", menos dinheiro.
A apresentadora Márcia Goldschmidt, que até meados do ano passado era "apenas" a dona de uma agência de matrimônios, assume agora na TV o papel de assistente social dos fracos e oprimidos.
"Sou uma humanista por essência. Nós, da televisão, temos um certo poder e vamos usá-lo porque o governo não quer nem saber dos problemas de grande parte das pessoas", diz.
Na nova fase, o "Márcia" não vai apenas tratar de assuntos como "meu marido tem uma amante". Uma ou mais vezes por semana, irão ao ar edições especiais do "S.O.S. Márcia", que a apresentadora classifica como um "programa de serviço", com "uma rede" de especialistas (médicos, advogados, psicólogos etc.) formando uma "campanha" de solidariedade.
O "S.O.S. Márcia" é também o nome que a emissora deu ao "balcão de atendimento" instalado há quase duas semanas em uma casa ao lado do teatro do SBT, no Carandiru (zona norte de São Paulo).
No local, três estagiários recebem inscrições de pessoas interessadas em participar do programa em troca de ajuda jurídica, psicológica ou médica.
Na semana passada, ainda não existiam filas em frente ao "balcão", até então pouco divulgado. Segundo um funcionário, a maioria das inscrições estava chegando por telefone e predominavam os casos de pensão alimentícia.
A expectativa da produção do programa, no entanto, é de que enormes filas se formem assim que a primeira edição do "S.O.S. Márcia" for ao ar -como já ocorre com o programa "Ratinho Livre", da Record, que chega a atender 600 pessoas por dia.
Ao contrário de Ratinho, Márcia não quer selecionar. "Vamos ajudar todo mundo, de acordo com a nossa capacidade e conforme a ordem de inscrição."
Segundo o norte-americano Albert Lewitinn, diretor do "Márcia", necessariamente "nem todas as pessoas terão de ir ao programa". "A prioridade é resolver sofrimentos. Mas não vamos mostrar pessoas com problemas físicos, até porque acho isso um horror", completa a apresentadora.
Na primeira edição do "S.O.S. Márcia" devem ser "solucionados" o caso de uma moça, muito gorda, que quer emagrecer, e pendências jurídicas entre ex-casais. Um médico endocrinologista, um psicólogo, um advogado e até um padre deverão participar, dando conselhos.
Muito pelo contrário, Márcia Goldschmidt não teme que a nova fórmula do programa lhe dê o rótulo de assistencialista. "I would love" (eu adoraria), responde em inglês.
"É função da TV informar o que é a vida real. Não é só mostrar a Cinderela da novela das oito. É mostrar também que a Cinderela pode ser espancada pelo príncipe encantado", discursa.



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