São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTROLE DA TV
Metade das TVs vendidas traz agora dispositivo que identifica e pode tirar do ar programas com sexo e violência
Congresso dos EUA impõe o V-chip

da Reportagem Local

O Congresso dos EUA determinou que metade das novas televisões vendidas neste semestre no mercado interno contenha o V-chip, um equipamento instalado no interior do aparelho de TV que atua como uma espécie de censor de programas inadequados para os telespectadores infantis.
A partir do ano que vem, todos os televisores vendidos no país deverão conter o equipamento.
O Centro para Educação da Mídia -uma organização não-governamental fundada em 91 para criar uma cultura de mídia eletrônica de qualidade para a comunidade norte-americana- e a Fundação Família Henry J. Kaiser, lançaram uma campanha nacional de esclarecimento sobre o V-chip.
O projeto de educação do V-chip vai ensinar os pais a usarem o equipamento, capaz de bloquear programas de conteúdo impróprio para as crianças.
Uma pesquisa científica revelou que a violência na TV expõe o telespectador infantil a três tipos de efeitos danosos: o aprendizado de atitudes e comportamentos agressivos, a dessensibilização para a violência do mundo real e o medo exagerado de se tornar vítima dessa mesma violência.
No Canadá e nos EUA, o mais recente esforço de aplacar a preocupação do público sobre a violência televisiva apelou para o uso do V-chip.
Um dos aspectos mais importantes de qualquer sistema V-chip é a possibilidade de classificar por categorias programas que são potencialmente censuráveis pelos pais dos telespectadores.
Existem dois tipos diferentes de classificação de programas de TV. O primeiro diz respeito a julgamentos e advertências baseados na idade do espectador. O segundo cataloga os programas de acordo com a graduação de violência, o conteúdo sexual e a linguagem vulgar ou ofensiva.
"A decisão sobre que classificação deverá ser usada em cada programa é determinada pelo produtor ou distribuidor", afirma o professor norte-americano Dale Kunkel.
Um estudo recente de Kunkel compara a classificação feita pelo V-chip dos conteúdos de violência, sexo e linguagem adulta de cada programa. Essa pesquisa indica claramente que muitos programas não são devidamente rotulados.
"A manutenção do modelo atual do equipamento pode enfraquecer o valor em potencial do sistema V-chip se ele se mantiver assim no futuro", afirma o professor.
Existem muitas controvérsias sobre o uso do V-chip. Na indústria televisiva, alguns temem que isso leve à censura prévia dos programas pelas cadeias de TV. Elas podem simplesmente recusar-se a exibir certos programas com um determinado rótulo de classificação.
Outros argumentam que os produtores vão defender que seus programas foram erroneamente classificados como, por exemplo, destinados exclusivamente ao público adulto, o que excluiria outros espectadores.


Texto Anterior: Filomena faz corpo-a-corpo em seu espetáculo teatral
Próximo Texto: André Mantovani: A vítima virou o carrasco
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.