São Paulo, Domingo, 07 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NOVELA

Gays aplaudem efeminados 'do bem'

da Sucursal do Rio

Uálber Cañedo, personagem de Diogo Vilela em "Suave Veneno", novela das oito da Globo, e seu assistente Edilberto (Luís Carlos Tourinho) são "um pouco exagerados", concordam homossexuais ouvidos pela Folha, mas o que conta mesmo, dizem em uníssono, "é que eles são do bem".
Uálber é um guru que mistura crenças e poderes, um paranormal que ainda não controla muito bem seus dotes mediúnicos, mas ainda assim muita gente acredita nele. Edilberto, além de ajudante, é também seu secretário, confidente e motorista.
"Eles fazem o estereótipo do gay. Às vezes fica um pouco exagerado. É até engraçado, porque eles têm bom caráter, são do bem. Pelo lado do misticismo também forçam um pouco, mas ficção é assim mesmo", diz Márcio Marins, 26, integrante do movimento de emancipação homossexual Atobá e adepto do candomblé.
Para Raimundo Pereira, 38, diretor do Atobá, Uálber e Edilberto "são quase caricatura, mas não ferem a imagem dos gays porque não são agressivos".
"Só fico preocupado porque as pessoas que não conhecem nosso universo podem achar que todos os gays são assim, exagerados", afirma Pereira.
O fundador do Atobá, Paulo Cezar Fernandes, 48, acredita que "mais importante do que discutir se os personagens são exagerados é perceber o valor de eles estarem na novela".
"Ruim seria se não se falasse do assunto. Durante muito tempo trataram nós, gays, como se não existíssemos", diz Fernandes.
Mesmo porque, acredita Rubens Pires, 36, dono do quiosque Rainbow, na praia de Copacabana (zona sul do Rio), frequentado por homossexuais, "o universo gay tem mil faces, inclusive a mostrada pelo Diogo e o ajudante dele".
(ANNA LEE)


Texto Anterior: Documentários: Discovery quer produzir no Brasil
Próximo Texto: Nova safra
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.