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MERCADO
Um dos criadores do modelo atual de televisão por assinatura no país propõe o uso de técnicas de varejo para conquistar novos assinantes
'TV paga precisa ser agressiva'
ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local
Aplicar técnicas agressivas de varejo, como vender
raspadinhas ou carnês de
sorteio. Essas são algumas
das propostas do consultor
Antonio Athayde para que
o mercado brasileiro de
TV paga saia do atual marasmo e atinja a classe C.
Athayde foi um dos principais executivos responsáveis pela implantação do
sistema Net no Brasil. Trabalhou no setor entre 92 e
97, acompanhando toda
sua evolução.
Ele não tem dúvidas de
que os executivos do setor
não conseguem achar soluções criativas para a crise. "O negócio de TV paga
é um sucesso explosivo em
todo o mundo. Se não é assim por aqui é porque algo
está errado", analisa.
A TV paga no Brasil vive
um momento de indefinição. As incertezas apareceram depois de o setor enfrentar um período de estagnação em 1998, agravado pela crise econômica
deste ano e o subsequente
aumento no preço das
mensalidades.
Somadas as operações de
TVA/DirecTV e Net/Sky, o
mercado tem os mesmos
2,4 milhões de assinantes
do início de 1998.
O único setor que conseguiu crescer no ano passado foi o mercado de miniparabólicas, disputado por
DirecTV e Sky. Mas seu alvo era a classe A, menos
afetada pelas crises.
Alguns investimentos foram adiados. A TVA pretendia implantar o MMDS
(que usa antena de microondas) digital, aumentando a oferta de canais e
possibilitando a comercialização de videogames pela
TV. O projeto, porém, teve
de ser abandonado por
tempo indeterminado.
"O modelo de TV paga
criado quando o crescimento do setor era vertiginoso fracassou. Não consegue lidar com os novos
desafios", afirma Athayde, criticando a própria
criação.
"O negócio precisa de
ajuste, sim. Mas, na nossa
visão, é preciso cortar custos, buscar publicidade e
tentar oferecer o mesmo
pacote por um preço menor em vez de tirar canais.
O cliente quer o melhor",
diz Antonio Barreto, diretor-geral da Net Brasil.
"A crise se torna uma
oportunidade porque a
empresa procura soluções
que não prejudiquem o assinante", afirma Barreto.
A operadora, no entanto,
elevou seus preços em 11%
e adiou a idéia de criar pacotes para a classe C.
Na visão de Luiz Eduardo Baptista, diretor de
operações da TVA (que
também reajustou os preços), para conquistar
clientes é preciso oferecer
menos canais por um preço mais baixo.
"O assinante sente que
paga pelo que consome.
Essa estratégia fez com
que, em nossas estimativas, evitássemos a saída de
15 mil assinantes", afirma.
Segundo Baptista, assinaturas ao custo de R$ 60
são inviáveis para conquistar o grande público, levando o setor a atingir a
meta inicial para 99: totalizar cerca de 4 milhões de
assinantes no país.
A TVA pode implantar
nos próximos meses um
pacote com todos os canais
abertos e quatro ou cinco
pagos. Depois, o assinante
poderia comprar grupos
de canais de filmes, de esportes ou de séries.
Para Alberto Pecegueiro,
diretor-geral da programadora Globosat, pacotes
mais simples não são a solução. Os próprios assinantes não se interessam.
"A saída para baratear
está na publicidade. Temos
mais assinantes do que as
três principais revistas semanais juntas, e todo o faturamento publicitário do
setor não chega a R$ 70
milhões por ano, enquanto
a revista líder fatura R$ 150
milhões", compara.
Athayde diz que suas
propostas servem, principalmente, para os novos
operadores que estão chegando a diversas cidade
brasileiras. "Eu não tenho
a solução, mas os novos
operadores deviam prestar
atenção ao que aconteceu
com Net e TVA. Devem
correr outros riscos, cometer novos erros e não os
que eu cometi."
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