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Em série filmada, o Homem-Aranha esteve na TV brasileira nos anos 80, mas o resultado não poderia ter sido mais decepcionante. O seriado "The Amazing Spider-Man", produzido entre 1977 e 1979, era tosco. Se, nos quadrinhos, o elenco de coadjuvantes dava uma vida pessoal plausível ao herói, a versão televisiva descartou tudo.
Das histórias em quadrinhos, sobrou o editor, J. J. Jameson, vivido no primeiro episódio por David White (de "A Feiticeira") e no resto por Robert F. Simon. E não era mais o inimigo declarado do Aranha, chegando a simpatizar com o herói. A amável tia May foi reduzida a duas pontas. Peter Parker era uma figuraça de cabelo em forma de penico.
Num belo dia, ao descobrir que podia subir paredes, veste um colante e sai por aí a distribuir sopapos em punguistas. O uniforme era fiel às HQs. Fora o chamativo cinto, que ostentava fivela com seu rosto em relevo e o enorme lançador de teia no pulso direito. Detalhe: o velcro que prendia a máscara era evidente.
Nas HQs, o Aranha irrita adversários com piadas infames; na TV, ao vestir seu uniforme, emudecia. Certamente, de vergonha. Movimentava-se como um inseto cego. Virando a cabeça o tempo todo, como se sofresse de algum tique nervoso. A teia era uma corda branca mequetrefe que, sem nenhuma propriedade adesiva, se enrolava em objetos.
Os mais desatentos nem notavam que ele mal tocava as paredes ao ser suspenso por cabos. Vexatório era o ator ser filmado de cima sobre uma parede deitada.
Ao contrário da série Hulk, produzida na mesma rede CBS, ninguém ali alcançou a fama. Nicholas Hammond, o protagonista cujo papel de maior sucesso antes (e depois) foi o de uma das crianças no filme "A Noviça Rebelde", atuou em vários seriados em papéis sem expressão e, recentemente, em "Crocodilo Dundee em Hollywood".
O seriado não decolou porque a emissora teve receio de produzir, ao mesmo tempo, dois programas com super-heróis. Mas a série foi a 19º mais assistida na temporada 1977/1978 na TV americana. A CBS, porém, decidiu continuar apostando na série do verdão, voltada ao público adulto. No Brasil, além das 13 aventuras exibidas pela Globo, estiveram em cartaz nos cinemas três longas compilando as histórias. (JA)



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