São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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POLÊMICA
"Mulher' ofende enfermeiras


Conselho Federal da categoria diz ter recebido mais de 1.200 mensagens em protesto à série


da Reportagem Local

O episódio "Néctar da Vida", do seriado "Mulher", da Rede Globo, está gerando protestos entre os profissionais de enfermagem.
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), mais de 1.200 mensagens por carta, e-mail e telefone chegaram à sua sede, no Rio, desde que o programa foi exibido, no dia 22 de julho.
Existem 600 mil enfermeiros registrados no país, sendo que 96% são mulheres.
O presidente do Cofen, Nelson de Sá Parreiras, diz que "a série ofende pela forma que vende o profissional de enfermagem."
O episódio que gerou a polêmica inicia com três cenas que foram consideradas ofensivas.
Na primeira, a enfermeira Beatriz (Talita de Castro) mantém relações sexuais com o médico Luciano (Gabriel Braga Nunes) no banheiro da clínica onde trabalham e onde se passa o programa.
Em seguida, a enfermeira Telma (Lucia Alves), diz à uma paciente idosa, Madame Bodegart, para "parar de frescura e andar".
A mesma Telma tenta convencer a personagem de Julia Lemertz, Joelma, a fazer transfusão de sangue. Joelma é testemunha de Jeová e a sua religião não permite o procedimento.
Para salvar a vida de uma pessoa, Joelma acaba fazendo a transfusão.
Segundo a presidente do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), Ruth Miranda de Camargo Leifert, os procedimentos das enfermeiras da série são antiéticos e representam mal a categoria.
O Coren-SP enviou um ofício datado de 4 fevereiro para a emissora em nome de Gilberto Leifert, gerente comercial da Globo e cunhado de Ruth Leifert. O documento oferecia assessoria técnica ao seriado. O cunhado seria o "contato" de Ruth na emissora.
Uma equipe de seis médicos presta assessoria ao programa.
O gerente comercial da Globo diz em carta resposta publicada no jornal do Coren-SP, "estar encaminhando sua (do Coren-SP) correspondência ao Sr. Daniel Filho, um dos nossos gerentes de criação".
Depois do episódio, teriam sido enviados novos ofícios, tanto pelo Coren-SP como pelo Cofen.
A atriz Eva Wilma, uma das protagonistas da série, acha que "elas (as enfermeiras) fazem bem em levantar a polêmica".
Mas ressalta que o que é mostrado é um caso isolado, "que pode acontecer em qualquer categoria", o que não denegriria a imagem das enfermeiras.
Os conselhos regional e federal de enfermagem disseram que não entrarão com processos na Justiça contra a emissora, porque o objetivo é "conversar com a Globo para entrar em acordo".
"Além disso, a emissora tem a liberdade de transmitir os seus programas", diz Ruth Leifert.
A produção do programa não deu entrevista à Folha. Segundo sua assessoria, os ofícios não foram recebidos. (RMS)



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