FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL

QUEM VÊ os sete marmanjos do "Casseta e Planeta Urgente" fazendo graça nas noites de terça (ou quarta, dependendo do futebol), não imagina a seriedade da máquina empresarial que está por trás de todo aquele deboche.
Aliás, melhor dizer "ao lado". Sim, porque paralelamente ao programa, o Casseta & Planeta movimenta um sem-número de negócios. Toviassu Produções Artísticas (o nome vem da frase "todo viado é surdo") é a razão social da empresa que cuida dos outros empreendimentos dos cassetas.
O maior de todos eles é, de longe, a home page do grupo (www.cassetaeplaneta.com): a comercialização do espaço publicitário da página responde por 40% do faturamento médio mensal da Toviassu, segundo o diretor da empresa Manfredo Barreto.
Barreto conta que o faturamento da página (criada em 95 para suceder às publicações de banca, já não tão rentáveis) cresceu 1.000% de 1999 para 2000. Antes, o site era mantido por três funcionários, dois estagiários e dois prestadores de serviços; este ano, o número subiu para 22 contratados.
Cresceu tanto que virou uma nova empresa. É o que informa Marcelo Madureira, "ministro de novas mídias" do Casseta & Planeta (cada casseta responde por um "ministério" de negócios do grupo): a Toviassu acaba de fazer uma sociedade com a ISM Automação S.A., uma empresa de tecnologia e gestão em informática, fundando a Tabanet, que tem sede e equipe próprias.
Madureira diz que a Tabanet hoje se dedica a melhorar o site dos cassetas e estuda pedidos de criação de páginas de vários clientes, mas que o objetivo final é mesmo explorar a convergência TV/Internet.

Licenciamentos
A segunda fatia nos negócios da Toviassu fica por conta dos licenciamentos, ou seja, produtos que não têm conteúdo projetado pelo Casseta e Planeta mas usam seu nome. Manfredo Barreto estima em 18% a participação das licenças no faturamento da Toviassu.
A gama e o número de produtos varia muito, pois alguns têm caráter sazonal, mas hoje o diretor conta mais de 40 modelos de camisetas, três modelos de shorts, além de balas e chicletes, cartões e material de papelaria entre os licenciamentos do grupo.
A trupe acaba de entrar no ramo de brinquedos. Protótipos do cachorro Sadam, mascote do truculento Carlos Maçaranduba, em versão de pelúcia, e do jogo de tabuleiro "Bobagem & Ação" foram apresentados aos lojistas pela Estrela, na Feira Internacional de Brinquedos de SP, no fim de maio. Os brinquedos devem chegar ao mercado no Dia da Criança. O próximo brinquedo com a marca do grupo será o "Cassetokê", um videokê com paródias de músicas, previsto para o fim do ano.
Um dos novos produtos para os quais o grupo negocia o licenciamento é a camisinha para adolescentes, de tamanho diferente dos convencionais.
"Angélica e Xuxa, certamente, têm mais produtos licenciados do que nós, mas os nossos chamam mais atenção pelo inusitado", diz Barreto. O diretor conta que, quando um produto das Organizações Tabajara (que na verdade não existem) aparece na TV, "chove espectador perguntando onde comprar".
Apostando nisso, serão criados os produtos Tabajara -os primeiros devem ser alimentos. Mas Barreto ressalta que, se algumas das invenções mostradas no programa de TV são completamente inviáveis em termos de produção ou comercialização, mesmo os factíveis causarão "estranhamento".

Risada com conceito
Além dos produtos licenciados, há os que são idealizados pelos comediantes e trazem, além do nome, seu conceito de humor. Entre eles estão os livro de piadas (já são três, um por ano desde 97), que vendem 100 mil exemplares anuais.
O terceiro CD de músicas dos cassetas, "The Bost of Casseta e Planeta" já se encontra à venda. Ao longo de 99, foram lançados também quatro CDs de piadas.
E Marcelo Madureira avisa aos fãs do grupo para preparar a pipoca, pois o primeiro longa dos cassetas está em fase de captação de recursos. Ainda sem título, o filme será produzido pela Conspiração Filmes, sob direção de Lula Buarque.
Os cassetas também têm trabalhado no desenvolvimento de outras atrações de TV. A primeira, criada ao longo do ano passado, foi "Garotas do Programa"; agora trabalham com o ex-VJ Cazé.
Madureira diz que não se abala mais com a guerra de audiência entre a Globo e o SBT nas noites de terça e sexta-feira, iniciada quando a emissora de Silvio Santos comprou, por US$ 200 milhões, um pacote de "blockbusters" de Hollywood.
"O SBT entrou justo às terças e sextas, em que a Globo até então era invicta, com o "Casseta e Planeta Urgente!" e o "Globo Repórter"." Para Madureira, a briga está empatada. Ele diz que o grupo não fará "mudanças estruturais" nos programas.
No caso de Cazé, ainda não há uma data definida para a estréia de seu programa de auditório.
Sobre o "Garotas", Madureira diz que tem boa recepção do público e que a Globo está satisfeita. Ele considera os primeiros 20 programas como fase de ajustes. "As meninas (do Grelo Falante, roteiristas do "Garotas') estão penando um pouco. É como fazer ginástica: tem de entrar em forma."


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