São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2000

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VÍDEO
Bertolucci filma amor imperialista

TIAGO MATA MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

THANDIE Newton é muito bonita, mas, como atriz, é muito fraca. O resto do elenco também não ajuda, mas Bernardo Bertolucci não depende do talento de seus atores, pois, hoje em dia, ele pode fazer cinema até mesmo de ouvido tampado. Em "Assédio", seu mérito foi ter soltado as rédeas do fotógrafo Fabio Cianchetti e largado um farto material nas mãos do montador Jacopo Quadri. A história é a fábula predileta da nova esquerda européia: um assédio uterino à mama África. Vejamos o enredo: ela é uma imigrante africana que fugiu da ditadura de seu país após a prisão do marido e estuda medicina em Roma, enquanto se sustenta trabalhando no palacete de um excêntrico pianista inglês, sr. Kinsky. A relação espacial e econômica é aqui reproduzida aos moldes de "Casa-Grande & Senzala": o senhor em cima e a serva embaixo, no sótão. O dominador não pode obrigar o dominado a amá-lo, a menos que lhe imponha sua ideologia. Pelo amor de Shandurai, sr. Kinsky espolia seus bens para conseguir libertar o marido dela. Mas Bertolucci é um cineasta europeu e, ainda que suas intenções sejam as melhores, ele continua a impor uma ideologia. Os conquistadores conquistam novamente.

ASSÉDIO
Europa    
(Besieged). França/Itália, 1998. Direção: Bernardo Bertolucci. Com Thandie Newton. 92 min. Drama.



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