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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Canais oferecem boas opções para crianças de até cinco anos de idade; retorno na audiência, que inclui muitos pais, tem compensado o investimento

O bê-á-bá eletrônico

FERNANDA DANNEMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

AO ELEGER as crianças de dois a cinco anos como seu público exclusivo, em 2002, o canal pago Discovery Kids diz ter dobrado sua audiência na América Latina e atingido aproximadamente 13 milhões de lares. No Brasil, o canal adotou a estratégia em janeiro, e afirma que seu público quadruplicou desde então, tornando-se o segundo mais visto por mulheres de 25 a 34 anos -no caso, as mães-, faixa etária em que perde apenas para o Sony. Criada para um público que o Ibope quase não considera -a medição atinge crianças a partir dos quatro anos-, a programação de TV para pré-escolares, qualquer que seja o canal, é elaborada por especialistas e não visa só a entreter. "No Discovery Kids não há lugar para a violência. Nossas séries oferecem ferramentas para desenvolver as aptidões necessárias à vida", diz a diretora de programação do canal, Bilai Joa Silar. O Nickelodeon, que informa estar em cerca de três milhões de lares no Brasil, veicula um mesmo episódio do desenho "As Pistas de Blue" durante toda a semana, para estimular o aprendizado. Em "Dora, a Aventureira", a heroína, latina e bilíngue, ensina espanhol. "Não pretendemos substituir os pais ou a escola (...) mas nos empenhamos de forma socialmente responsável", diz o vice-presidente de programação do canal na América Latina, Charles Singer. E, por falar em escola, algumas atrações chegam a ser consideradas uma espécie de apoio escolar: "Barney", o dinossauro do Discovery Kids, foi pesquisado pela Universidade de Yale (EUA) em 1999 e apontado pelos estudiosos Jerome e Dorothy Singer como "quase um modelo de programa pré-escolar". Com programação mais eclética, o Disney Channel difunde, em seu bloco "Playhouse", valores como amizade e honestidade. Um exemplo é "Oswald", o polvo sensível, e seus personagens fantásticos como uma margarida ciclista. O Nickelodeon ouve a clientela. "Nós escutamos as crianças. Todas as audiências têm seus desafios, mas, nesta, às vezes a diferença de sexo é a mais profunda", diz Singer. Prestes a comemorar dez anos em abril, o Cartoon Network -que informa estar em cerca de 13,4 milhões de lares latinos- faz seu show com os estúdios Warner Bros., MGM e Hanna-Barbera. "O Cartoon não tem o rótulo "apenas para esta idade". Temos "Tom & Jerry" e "Pernalonga", apreciados por todas as idades", diz Cindy Kerr, vice-presidente de programação do canal. Mas o Cartoon também aposta nos pequenos. "Alguns desenhos passam mensagens importantes, como "Historinha de Dragões", sobre temores comuns na infância", diz Kerr.

Intervalo
Um dos maiores feitos do Disney Channel é que os intervalos comerciais se limitam a vinhetas do canal. A triagem não é tão dura na concorrência, mas os critérios existem. "No Discovery, a seleção é rigorosa para verificar a adequação da publicidade ao perfil educativo", diz Celso Vergueiro, diretor de publicidade do canal. No Cartoon, o critério é óbvio: "Não aceitamos anúncios políticos, de bebidas alcóolicas, televendas e com violência", afirma Rafael Davini, diretor de vendas publicitárias da Turner no Brasil.

TV aberta
No ar desde outubro, "Xuxa no Mundo da Imaginação" chegou a 19 pontos no ibope em sua estréia, em 28 de outubro (cada ponto equivale a 48,5 mil domicílios na Grande SP). Na última segunda-feira, com oito pontos, ficou em segundo lugar, mesmo com novos quadros. À frente, o SBT, com 11 pontos, veiculava desenhos.
Segundo Mario Meirelles, diretor do programa de Xuxa, sua equipe ainda busca o equilíbrio para falar com crianças de zero a oito anos, de diferentes classes sociais e de níveis de escolaridade distintos. "Nossa preocupação é que o programa plante uma semente de incentivo à leitura e ao estímulo criativo (...) e que a criança encontre na televisão ferramentas para uma formação cultural mais adequada em um veículo de comunicação de massa", diz ele.
Na TV Cultura, experiente no assunto desde o "Castelo Rá-Tim-Bum", atualmente o bloco "1,2,3 e... Já!", composto por 11 séries inéditas de desenhos e bonecos, é voltado aos pequeninos.
Afora isso, a emissora tem "Cocoricó", no qual bonecos manipulados discutem temas como as estações do ano em histórias curtas passadas numa fazenda. O melhor: tudo "made in Brazil".


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