São Paulo, Domingo, 13 de Junho de 1999
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Band estréia hoje "A Guerra dos Pintos" e "Santo de Casa...", as versões brasileiras das séries cômicas "Married... with Children" e "Who"s the Boss", respectivamente; roteiristas, atores e diretores são brasileiros, e as histórias são adaptadas para o Rio de Janeiro
Sitcom à brasileira

Divulgação
Elenco brasileiro da sitcom "A Guerra dos Pintos", adaptação da série norte-americana "Married... with Children"


ALEXANDRE MARON
da Reportagem Local

Com a estréia hoje, às 20h, de suas duas novas sitcoms (comédias de costumes) produzidas no Brasil, a Rede Bandeirantes coloca no ar seu mais importante lançamento deste ano e revela novas estratégias de programação.
As séries cômicas "A Guerra dos Pintos" (às 20h) e "Santo de Casa..." (às 20h30) são produzidas por uma associação entre a Bandeirantes e a Columbia TriStar International Television. Elas são versões brasileiras das norte-americanas "Married... with Children" (exibida no canal pago Sony) e "Quem É o Chefe?" (do canal Warner), respectivamente.
"A Guerra dos Pintos", dirigida por Naum Alves de Souza, conta a história da família Pinto, que mora num subúrbio do Rio.
Os episódios mostram o pai machista, Zé Pinto (Henrique Stroeter), atendente de uma sapataria, sendo dominado por sua mulher, Neide (Esther Lacava), e pelo casal de filhos adolescentes (Roberta Porto e Ricardo Gadelha).
O original, "Married... with Children", foi muito criticado nos EUA por possuir conteúdo considerado grosseiro e politicamente incorreto. Foi ao ar nos EUA de 1987 a 1997.
Mais politicamente correto do que "Santo de Casa...", impossível. A série, dirigida por Walter Lima Jr., mostra Kiko (Daniel Boaventura), um ex-jogador de futebol do Bangu (time carioca) que, após o fim precoce da carreira e a morte da mulher, aceita trabalhar como empregado doméstico para se sustentar. Sua patroa é uma executiva bem-sucedida que não tem tempo para as tarefas do lar. Os dois logo se sentem atraídos e a série trata também da tensão sexual existente entre o casal.
A original, "Quem É o Chefe?" (Who"s the Boss?), foi produzida nos EUA de 1984 a 1992 e vendida para mais de 90 países. Nela, o protagonista, interpretado por Tony Danza, jogou beisebol, e não futebol.
A série já ganhou versões no México, na Alemanha, na Inglaterra e em outros países.

Jogada arriscada
Além de acidentes como o incêndio que destruiu os estúdios onde eram gravados os programas, esse gênero, o das comédias ao estilo norte-americano, enfrenta o desafio de nunca ter sido bem sucedido na TV aberta no Brasil.
"Nos anos 70, os canais trouxeram muitas séries estrangeiras. Foi criado o rótulo pejorativo de "enlatado", que pegou também nas sitcoms. Além disso, as piadas acabam não funcionando bem na dublagem", explica Fernanda Furquim, editora da revista especializada "TV Séries".
Para o superintendente artístico da Band, Nilton Travesso, o Brasil tem a tradição do humor baseado na piada. Na sitcom, as situações engraçadas é que são construídas para provocar o riso. Às vezes o público estranha a diferença.
A Columbia e a Band dividiram igualmente os US$ 8 milhões de investimento na implantação de um núcleo de produção de sitcoms. Serão feitos 52 episódios de cada série.
Essa estratégia de co-produção é uma novidade para a Band, mas é aplicada pela Columbia em pelo menos 15 outros países do mundo, onde a Columbia adapta seriados com elenco e linguagem locais.
Segundo Travesso, a emissora deverá lançar mais dois programas do gênero no ano que vem. A meta é ter dois programas em cada dia da semana.
Mas a confiança que a Band diz ter nesses produtos e o vulto do investimento não são garantia de continuidade. Mesmo após ter investido no ano passado US$ 13 milhões na implantação de um núcleo de teledramaturgia que produziria novelas, a emissora abandonou o projeto depois de apenas duas tramas terem ido ao ar, "Serras Azuis" e "Meu Pé de Laranja-Lima".
O que a Band pretende é ter um plano para enfrentar as novelas da Globo: exibir sitcoms todo dia.
"As novelas ficam se repetindo indefinidamente, contando a mesma história. Está na hora de alguma coisa diferente ser feita, de procurar saídas", conclui Johnny Saad, vice-presidente da Band.


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