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SIMPLESMENTE UM LIXO
Entre tantas alternativas, não houve nenhuma unanimidade na escolha dos jurados; pegadinhas do Mallandro levam o prêmio máximo
Troféu Santa Clara flagra a difusão do ruim
Clayton
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Em seu quarto ano, premiação traz as escolhas do júri da Folha para o que de pior foi exibido na TV brasileira, entre julho do ano passado e o mesmo mês deste ano, em 15 categorias |
DA REDAÇÃO
O TROFÉU Santa Clara, que agora
chega à sua quarta edição, é uma peculiar premiação de TV. Seus jurados
não querem saber de documentários da
BBC, dificilmente aceitariam ter Fernanda Montenegro como concorrente e, ossos do ofício, acabam dando mais atenção a uma pegadinha de Sérgio Mallandro do que ao mais recente "Roda Viva".
O paradoxo pode ser explicado. Tal
qual um Oscar às avessas, o Santa Clara é
voltado para o que de pior a TV brasileira exibiu ao longo do ano. As escolhas
exigiram muita reflexão, uma vez que os
produtos de qualidade duvidosa presentes em nossa televisão ainda são inúmeros. A premiação se dá dois dias após a
data em que é celebrado o dia de Santa
Clara, a padroeira da TV.
O júri, formado por jornalistas da Folha e do "Valor Econômico", mostrou
diversidade nas escolhas. Não houve
unanimidade em nenhuma categoria.
Nem mesmo o agora tetracampeão Galvão Bueno, vencedor do Troféu "Vai que
É Rua", para pior locutor esportivo, obteve 100% dos votos. A única dissidência
ficou por conta da colunista Barbara
Gancia, que cravou o seu voto em Cléber
Machado, justificando: "Quando ele narra Fórmula 1, parece que está vendo uma
corrida diferente da que a gente assiste".
Alguns concorrentes tiveram de enfrentar fortes competidores. As pegadinhas do Mallandro venceram o Troféu
Santa Clara de Ouro, para o pior da TV,
mas se depararam com adversários de
nível como a apresentadora Ana Maria
Braga, a falsa índia Aigo e até mesmo
uma emissora completa, a Rede TV!.
Para Sérgio Dávila, correspondente da
Folha em Nova York, "achar graça nas
pegadinhas do Mallandro é doentio, é
ser conivente com o que de pior a TV
brasileira já foi capaz de mostrar. É gostar do "Homem do Sapato Branco", do
Ratinho e do 'Cadeia'", afirma.
Na ausência de pesos-pesados como
Victor Fasano, que no ano passado conquistou o bicampeonato como pior
ator, o júri se dividiu entre o novato
Reynaldo Gianecchini e o vivido Oscar
Magrini. Para pior atriz, novo empate,
triplo, entre as estrelas de "Marcas da
Paixão", Vanessa Lóes e Carla Regina, e
Letícia Spiller, por "Esplendor".
O repórter Daniel Castro foi a única
voz dissonante, ao eleger Luana Piovani, por "Suave Veneno", que ainda era
exibida à época da premiação do ano
passado, mas cuja lembrança ainda hoje lhe é perturbadora. "Ela tem futuro
como apresentadora."
O saldo final do quarto Troféu Santa
Clara é que a premiação veio para ficar,
pois na TV brasileira a quantidade de
opções ruins cresce com a mesma rapidez que o número de canais.
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