São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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"Tudo é violência", diz Capitão Aza

DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-apresentadora do "Globinho", telejornal infantil exibido pela Globo na década de 70, Paula Saldanha lembra que aquele era único informativo que não sofria censura prévia por parte do governo militar.
"Se fosse ao ar hoje, estaríamos trocando em miúdos o Mercosul e o novo cenário político do Brasil", diz ela, que também defende a criação de um código de ética para a TV. "Meus amigos do exterior acham nossa programação uma loucura", diz.
Aracy Balabanian, do elenco de "Vila Sésamo", também dos anos 70, se diz assustada até com os desenhos atuais. "Éramos avaliados semanalmente por psicólogos e tínhamos que cuidar da nossa imagem para não desestabilizar o público; merchandising ali era complicadíssimo", afirma.
Supervisor da primeira versão de "Sítio do Picapau Amarelo" (1977-1984), Edvaldo Pacote diz que a Globo, na época, não estava preocupada com lucros. "A equipe de especialistas e educadores media até as palavras do roteiro para fazer o melhor para as crianças".
Wilson Vianna, intérprete do "Capitão Aza" na Tupi nos anos 60 e 70, diz que está tudo errado na programação infantil. "Hoje, tudo é violência. Não se fala de civismo, religião e estudo."
Para seu antigo concorrente Pietro Mário, o "Capitão Furacão", da Globo, que entrou no ar no dia da estréia da emissora, em 1965, e ficou no ar por cinco anos, a influência da TV é clara. "Os pais me pediam pra aconselhar as crianças, a televisão educava", diz ele.
A atriz Elisângela, na época uma criança que ajudava o Capitão Furacão, aconselha: "É melhor tirar a TV do quarto dos filhos, senão eles vão aprender tudo o que não devem". (FD)


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