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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

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MEMÓRIA NACIONAL

Programa da Cultura lançará mais CDs

"Ensaio" revive Elis nesta terça-feira

André Sarmento/Folha Imagem
Gravação da entrevista inédita com César Camargo Mariano, que irá ao ar em abril


FERNANDA DANNEMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

NA PRÓXIMA terça-feira, um dia após a data em que Elis Regina comemoraria 58 anos, o programa "Ensaio", da Cultura, mostrará a entrevista que foi feita com a cantora em 1973. Na programação de 2003, aliás, César Camargo Mariano, ex-marido de Elis, e a filha de ambos, Maria Rita, estarão entre os entrevistados. Arquivo das maiores jóias da MPB, o "Ensaio" surgiu na TV Tupi em 1969, onde durou três anos. Seu criador, o sergipano Fernando Faro, que aprendeu a gostar de música nas tradicionais festas nordestinas da infância, trabalhou com musicais na Globo, na Band e na Record, mas foi na Cultura, em 1989, que retomou o "Ensaio". Com uma equipe de quatro pessoas, Faro já entrevistou mais de 500 nomes da nossa música; de Chico Buarque e Racionais MC's a Noca da Portela -que teve sambas gravados por Maria Bethania, Beth Carvalho e Alcione- e Isaura Garcia, da quase esquecida canção de Cícero Nunes e Aldo Cabral, que diz "Quando o carteiro chegou e meu nome gritou com uma carta na mão...". Nas 700 horas de imagens brutas que sobraram entre as fitas apagadas para reutilização, prevalecem o close no entrevistado e o ambiente intimista, sem a imagem ou a voz do entrevistador. Fã do cinema dos anos 40, Faro lamenta a tecnologia da cor. "Preto-e-branco é mais bonito. Com a televisão em cores, o programa ficou diferente. Agora vejo a orelha, a mão ou o violão de outra maneira", diz ele, afirmando-se livre de preconceitos. "Só não entrevistei pagodeiros por falta de oportunidade."

Resgate
Até maio, estará disponível nas lojas a sétima coleção de CDs da série "A Música Brasileira Deste Século por Seus Autores e Intérpretes", uma compilação das entrevistas de Faro no programa viabilizada pelo Sesc, que investiu cerca de R$ 900 mil -desde 1998- no projeto que terá oito coleções.
Num total de cem CDs, o pacote reúne nomes como Adoniran Barbosa, Mestre Marçal, Antônio Nássara, Elis e Chico Buarque. Cada coleção tem em geral 12 discos e custa R$ 80. "Nossa intenção não é comercial, mas sim de registro do patrimônio cultural brasileiro", diz o diretor do Sesc, professor Danilo Santos de Miranda.
A escolha dos nomes se baseou na qualidade da fita, na relevância da informação e na negociação com os herdeiros. Esta, aliás, foi a parte mais difícil. Segundo Faro, Edu Lobo, por exemplo, não autorizou.
Para Faro, que sonha ter todas as entrevistas conservadas em áudio -por questões monetárias nem pensa em DVD-, o melhor de fazer TV é documentar a cultura. Fã de Silvio Santos, o que ele gosta mesmo de ver na TV é futebol. "Torço pelo Santos, mas não sou torcedor roxo. Sou preto-e-branco", diz.


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