São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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Os três meios de envelhecer

DA REPORTAGEM LOCAL

"Envelhecer" costuma ser diferente na TV, no cinema e nos palcos. "A maquiagem de novelas não pode ser tão trabalhada como as do cinema, por falta de tempo hábil", diz o maquiador Vavá Torres, que trabalhou na novela "Porto dos Milagres" e em vários longas.
Além da pressa que caracteriza as gravações de TV, profissionais de cinema e teatro ouvidos pela Folha citaram outras diferenças. "No teatro, você aceita a velhice de um personagem pela habilidade do ator, mas isso exige muito ensaio. Na TV, pintar o cabelo de branco às vezes já é suficiente. O ator lê o texto uma vez e vai gravar", diz Eduardo Tolentino, diretor teatral, do grupo Tapa.
Para Beto Brant, diretor de "Os Matadores" e "Ação entre Amigos", filmes cujas narrativas alternavam presente e passado, a imagem de TV pode dificultar a caracterização de passagem do tempo. "A definição da imagem do vídeo é menor. Problemas na caracterização podem ficar mais evidentes."
O maquiador Leopoldo Pacheco corrobora essa visão. "Na TV, a câmera está na cara do ator, a coisa fica gritante." Pacheco, que já teve de fazer uma atriz "envelhecer" algumas décadas em "Fragmentos Troianos", conta não ter usado recursos de envelhecimento "televisivos" como próteses ou a aplicação de silicone sobre a pele. "Usei luzes e sombras, salientei partes do rosto, clareei a ossatura e escureci as partes que queria que se parecessem com pele velha, flácida."
(BRUNO GARCEZ)

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