São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"RECURSOS HUMANOS"

Programa de perguntas e respostas dá seis meses de carteira assinada ao vencedor

Na TV argentina, emprego é prêmio

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

NUMA Argentina arrasada pela maior crise econômica da história, os vencedores de um programa televisivo de perguntas e respostas não levam como prêmio grandes somas de dinheiro, carros ou viagens, mas um emprego.
No ar diariamente desde meados de abril, "Recursos Humanos" oferece a cada programa um posto de trabalho com carteira assinada garantido por seis meses. O programa, que tem duração de uma hora, atrai uma média de 200 pessoas por dia aos estúdios do Canal 13, um dos maiores do país.
Desse total, apenas duas pessoas são selecionadas pela produção para contar suas histórias de vida e responder a perguntas relacionadas à profissão como em um teste de aptidão. Os telespectadores escolhem o vencedor por telefone.
A maioria dos participantes possuía uma vida confortável antes da crise. Muitos contam que venderam bens -como casas e carros- ou voltaram a viver na casa dos pais. Outros afirmam que, após anos de estudo, não conseguiram ingressar no mercado de trabalho.
O produtor-executivo do programa, Luis Obregon, disse ao TV Folha que a idéia surgiu a partir das dificuldades dos próprios criadores. Há cerca de um ano, Obregon, que trabalhava como jornalista em um programa de notícias, foi demitido em um corte de despesas que envolveu cerca de 30 profissionais.
Com dificuldades para conseguir outra ocupação, ele e os outros jornalistas demitidos desenvolveram o projeto de um programa novo, "que pudesse empregar não apenas a nós mesmos". A idéia prosperou e, nas primeiras semanas de exibição, "Recursos Humanos" liderou a audiência nos finais de tarde -hoje, já não é líder, mas mantém um público fiel.
Em um país onde 21,4% das pessoas em condições de trabalhar estão desempregadas -um recorde histórico- e metade da população vive abaixo da linha da pobreza, Obregon diz que o programa cumpre um "papel social".
"Humanizamos os frios números do desemprego. Contamos a história de Juán ou Maria e damos uma cara para essa dura realidade", afirma.
Para o apresentador de "Recursos Humanos", Néstor Ibarra, o formato do programa poderia ser exportado para o Brasil ou para outros países da América Latina, que tem taxas "altíssimas" de desemprego. "Estranhamente, até agora só recebemos consultas de canais norte-americanos e israelenses", conta.



Texto Anterior: Série motiva turismo em NY
Próximo Texto: Macacos vão à escola no canal Animal Planet
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.