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FAUSTÃO
Faustão anuncia hoje em seu programa que vai deixar de exibir o
quadro, disseminado e vulgarizado em outras emissoras
Lançador das "pegadinhas" decreta o fim de sua "criação"
ALEXANDRE MARON
DA SUCURSAL DO RIO
D EPOIS de mantê-lo por 11 anos no
ar, a direção do "Domingão do
Faustão" anunciou que deixará, a partir
de hoje, de mostrar um dos seus quadros
mais polêmicos, as "Pegadinhas".
O programa que irá ao ar hoje fará uma
espécie de tributo ao quadro. Fausto Silva explicará por que não exibirá mais as
pegadinhas, apresentará a primeira mostrada no "Domingão" e, depois, as mais
populares.
Hoje, outra atração prevista é a presença do designer Hans Donner, que apresentará e comentará as novas vinhetas
criadas por ele para o programa.
O quadro está tão ligado ao programa
que até mesmo o seu próprio nome foi
cunhado por Fausto Silva e acabou se
tornando a denominação oficial, usada
até mesmo pelos outros canais.
As pegadinhas são originalmente inspiradas no programa "Candid Camera", criado pelo canadense Allen
Funt, que morreu no ano passado aos 84 anos. A atração é uma evolução do "Candid Radio", que o próprio
Funt lançou em 1947.
"A hora era mesmo essa, a pegadinha sempre foi popular, mas tinha virado caso de polícia por causa dos
outros programas, que criavam problemas e forjavam
as situações", afirma o diretor do programa, Alberto
Luchetti. "Quando o "Domingão" começou, era o único.
Hoje, seis programas fazem a mesma coisa, mas sem o
nosso padrão de respeito e qualidade", diz Luchetti.
Ele não gostava de ver casos envolvendo pegadinhas
nos jornais, pois, na hora de se listar os programas que
veiculavam o quadro, "Domingão" era envolvido.
"Um outro programa qualquer fazia uma besteira e o
nosso nome aparecia junto. Sujava nossa imagem."
Agora, o diretor afirma que investirá em quadros como o "Videokê", que se tornou muito popular e não
causa problemas com a opinião pública.
Mas por que o "Domingão" demorou tanto para
abandonar o quadro? "Não demoramos, não. Fomos os
primeiros a tirá-lo do ar. Só não tirei em dezembro porque estaríamos exibindo programas gravados em janeiro, e eu quis esperar um dia em que o programa tivesse a
duração normal", conta o diretor, explicando por que a
mudança acontece hoje.
Fausto Silva afirma que o quadro não
foi extinto, mas tirado do ar para voltar
no futuro. Para ele, a pegadinha não é
uma atração polêmica.
"Raramente recebemos alguma reclamação. Nossa orientação sempre foi a de
que os atores, que são pagos, passassem
pelas situações ridículas, nunca as pessoas envolvidas. Os anônimos jamais foram humilhados. Até porque é uma
questão de inteligência. Se a gente colocasse o telespectador nesse plano, seria
burrice", diz o apresentador.
Oscar Pardini -que criava, escrevia,
dirigia e, às vezes, atuava nas pegadinhas- diz que sempre tomou cuidado
para não dar maus exemplos. "Não humilhamos as pessoas e não colocamos
idosos, deficientes físicos ou mulheres
grávidas no quadro. Os envolvidos têm
que se divertir- senão falhamos", diz.
O próprio destino de Pardini, 41, é incerto. O humorista, integrante do grupo
Café com Bobagem, tem contrato com a
Globo até o fim deste ano.
Com o fim do quadro, Luchetti pediu a
Pardini que apresente novas idéias para
o programa. "Ainda não sei o meu destino. Tenho algumas idéias, mas agora só
sei que vou filmar "A Inesperada Visita
do Imperador", comédia na qual atuarei
no papel de dom Pedro 1º", revela.
Mallandro
O principal responsável pela decisão
de Luchetti de retirar as pegadinhas é o
apresentador Sérgio Mallandro. Suas
pegadinhas, na CNT/Gazeta, envolvendo uso de armas
e problemas com a polícia
levaram o quadro às páginas dos jornais.
O quadro se tornou, indiretamente, assunto de
polícia quando os jovens
que queimaram e mataram o índio pataxó Galdino dos Santos, em 1997,
afirmaram que o ato foi
inspirado em uma pegadinha que viram na TV.
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