São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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FAUSTÃO
Faustão anuncia hoje em seu programa que vai deixar de exibir o quadro, disseminado e vulgarizado em outras emissoras
Lançador das "pegadinhas" decreta o fim de sua "criação"

ALEXANDRE MARON
DA SUCURSAL DO RIO

D EPOIS de mantê-lo por 11 anos no ar, a direção do "Domingão do Faustão" anunciou que deixará, a partir de hoje, de mostrar um dos seus quadros mais polêmicos, as "Pegadinhas".
O programa que irá ao ar hoje fará uma espécie de tributo ao quadro. Fausto Silva explicará por que não exibirá mais as pegadinhas, apresentará a primeira mostrada no "Domingão" e, depois, as mais populares.
Hoje, outra atração prevista é a presença do designer Hans Donner, que apresentará e comentará as novas vinhetas criadas por ele para o programa.
O quadro está tão ligado ao programa que até mesmo o seu próprio nome foi cunhado por Fausto Silva e acabou se tornando a denominação oficial, usada até mesmo pelos outros canais.
As pegadinhas são originalmente inspiradas no programa "Candid Camera", criado pelo canadense Allen Funt, que morreu no ano passado aos 84 anos. A atração é uma evolução do "Candid Radio", que o próprio Funt lançou em 1947.
"A hora era mesmo essa, a pegadinha sempre foi popular, mas tinha virado caso de polícia por causa dos outros programas, que criavam problemas e forjavam as situações", afirma o diretor do programa, Alberto Luchetti. "Quando o "Domingão" começou, era o único. Hoje, seis programas fazem a mesma coisa, mas sem o nosso padrão de respeito e qualidade", diz Luchetti.
Ele não gostava de ver casos envolvendo pegadinhas nos jornais, pois, na hora de se listar os programas que veiculavam o quadro, "Domingão" era envolvido.
"Um outro programa qualquer fazia uma besteira e o nosso nome aparecia junto. Sujava nossa imagem."
Agora, o diretor afirma que investirá em quadros como o "Videokê", que se tornou muito popular e não causa problemas com a opinião pública.
Mas por que o "Domingão" demorou tanto para abandonar o quadro? "Não demoramos, não. Fomos os primeiros a tirá-lo do ar. Só não tirei em dezembro porque estaríamos exibindo programas gravados em janeiro, e eu quis esperar um dia em que o programa tivesse a duração normal", conta o diretor, explicando por que a mudança acontece hoje.
Fausto Silva afirma que o quadro não foi extinto, mas tirado do ar para voltar no futuro. Para ele, a pegadinha não é uma atração polêmica.
"Raramente recebemos alguma reclamação. Nossa orientação sempre foi a de que os atores, que são pagos, passassem pelas situações ridículas, nunca as pessoas envolvidas. Os anônimos jamais foram humilhados. Até porque é uma questão de inteligência. Se a gente colocasse o telespectador nesse plano, seria burrice", diz o apresentador.
Oscar Pardini -que criava, escrevia, dirigia e, às vezes, atuava nas pegadinhas- diz que sempre tomou cuidado para não dar maus exemplos. "Não humilhamos as pessoas e não colocamos idosos, deficientes físicos ou mulheres grávidas no quadro. Os envolvidos têm que se divertir- senão falhamos", diz.
O próprio destino de Pardini, 41, é incerto. O humorista, integrante do grupo Café com Bobagem, tem contrato com a Globo até o fim deste ano.
Com o fim do quadro, Luchetti pediu a Pardini que apresente novas idéias para o programa. "Ainda não sei o meu destino. Tenho algumas idéias, mas agora só sei que vou filmar "A Inesperada Visita do Imperador", comédia na qual atuarei no papel de dom Pedro 1º", revela.
Mallandro
O principal responsável pela decisão de Luchetti de retirar as pegadinhas é o apresentador Sérgio Mallandro. Suas pegadinhas, na CNT/Gazeta, envolvendo uso de armas e problemas com a polícia levaram o quadro às páginas dos jornais.
O quadro se tornou, indiretamente, assunto de polícia quando os jovens que queimaram e mataram o índio pataxó Galdino dos Santos, em 1997, afirmaram que o ato foi inspirado em uma pegadinha que viram na TV.


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