São Paulo, domingo, 20 de setembro de 1998

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MERCADO
Setor faz feira em São Paulo e aposta em novas concessões e na integração com a Internet
TV paga 'desafia' crise mundial

DANIEL CASTRO
da Reportagem Local

Apesar de estagnado desde a crise asiática, em outubro do ano passado, o emergente mercado brasileiro de TV por assinatura abre otimista, nesta terça, em São Paulo, a maior feira do setor na América Latina, a sétima realizada no país e a "primeira de Primeiro Mundo", como anuncia a organização.
Os principais executivos de TV paga -cujo número de assinantes estacionou em cerca de 2,3 milhões em 98- apostam em um crescimento no mínimo "razoável", para 99, impulsionado pela outorga de 150 novas concessões até o fim do ano (hoje existem 104) e na integração da TV com a Internet.
A ABTA'98 (feira e congresso da Associação Brasileira de Telecomunicações por Assinatura) terá 330 expositores (290 no ano passado), em uma área de 10 mil metros quadrados -o dobro de 97.
Entre os expositores, 43% são estrangeiros. Gigantes internacionais das telecomunicações estarão no evento, entre eles Disney, Turner, General Instruments, Microsoft etc.
Restrita a profissionais do mercado, a ABTA'98 reúne operadores (como Net), programadores (como Globosat e HBO) e fabricantes de equipamentos (como Philips).
A organização prevê um volume de negócios de cerca de US$ 1,6 bilhão e 14 mil visitantes (6 mil em 97). O evento acontece no International Trade Center, na avenida Engenheiro Roberto Zuccolo, Vila Leopoldina (zona noroeste de São Paulo).
"Enfrentamos um 98 difícil, devido à crise, e, depois de crescer dez vezes em cinco anos, o mercado parou. Mas atingimos a maturidade. A indústria de TV paga no Brasil, com apenas oito anos de existência, já é um mercado sólido", diz Moysés Pluciennik, presidente do conselho da ABTA.
Para Álvaro Alexandre Annenberg, presidente da entidade, as novas concessões devem dobrar o número de assinantes -5 milhões até 2001.
Segundo Álvaro Pacheco, diretor-social da ABTA, as novas concessões deverão consumir pelo menos US$ 400 milhões em investimentos em 99. "Hoje o mercado brasileiro de TV paga é o mais atraente do mundo", diz.

Convergência
Outros fatores que animam os executivos do setor são o sucesso da privatização da Telebrás e a integração TV paga/Internet.
A tendência são as operadoras deixarem de serem apenas distribuidoras de TV e passarem a oferecer vários serviços.
As operadoras de cabo, por exemplo, poderão ser parceiras das empresas-espelhos, futuras concorrentes das telefônicas privatizadas. As empresas-espelhos devem usar as redes de cabo das operadoras.
As redes de cabo e os sistemas de TV paga por satélite e microondas também devem tornar-se opção para o tráfego de dados.
Na feira da ABTA, a Philips do Brasil vai apresentar um equipamento que permitirá ao assinante de TV paga acessar a Internet com velocidade no mínimo 1.500 vezes maior do que por telefone.
O equipamento, chamado plataforma aberta interativa CleverCast PC, deverá estar no mercado até o final do ano e custará ao usuário/assinante cerca de R$ 400, anuncia a Philips.



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