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SYDNEY
Enquanto o país dorme, profissionais selecionam o que os telespectadores brasileiros verão durante o dia
Editor de imagem conta a história da Olimpíada
FABIO DANESI ROSSI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
E QUANTO a maioria dos mortais
dorme no Brasil, um batalhão de
profissionais, aqui e na Austrália, escolhe
as imagens mais importantes da Olimpíada de Sydney. Como os índices de audiência na madrugada estão na casa de
um dígito, esses profissionais -principalmente os editores de imagens- estão
contando a história dos Jogos para a
maior parte dos telespectadores. É a
Olimpíada do videoteipe.
É responsabilidade dos editores decidir se vale a pena repetir as curiosas cenas do nadador que não sabia nadar, os
gols do futebol feminino ou a flechada
certeira da arqueira chinesa. Uma responsabilidade e tanto, sobretudo porque
há pouco tempo para decidir o que vai
ser mostrado nos boletins e noticiários.
"Temos várias equipes de editores",
conta Ana Bueno, gerente de marketing
do SporTV, emissora que está com quatro canais transmitindo imagens e notícias dos Jogos. "Às vezes o tempo é curto,
e daí é uma loucura. Temos duas máquinas recebendo sinais de transmissão diretamente de Sydney. Uma delas é somente para os editores." Ela diz que a
prioridade na edição são os atletas brasileiros. "A gente prioriza sempre o Brasil e
faz videoteipes longos com esportes mais
agitados, como vôlei, basquete, futebol.
Agora, natação, judô e atletismo, que
têm momentos mortos, a gente edita
mais. Sempre que um atleta brasileiro
ganha medalha, corremos atrás de imagens dele. Quando o judoca Tiago Camilo ganhou prata, fizemos imediatamente
um videoteipe com todas as suas lutas."
Para João Simões, coordenador-executivo da ESPN, os editores não devem dar
prioridade a determinados esportes, mas
devem se basear na importância do
evento. "Se algo de interessante acontece
na prova de canoagem, por exemplo, ela
vira fundamental. E a gente deve estar
sempre tentando abranger o maior número possível de esportes."
Simões afirma que as imagens de disputas envolvendo brasileiros são prioritárias: "Elas são mais importantes para
os editores do que uma quebra de recorde feita por um estrangeiro ou do que
uma final sem brasileiros". Sobre o processo de edição, comenta: "Muitas vezes
é pauleira, uma correria. Mas nós temos
uma equipe que entra às 2h e já começa a
editar (os Jogos começam, normalmente,
às 19h). Quando o tempo é realmente
curto, a gente abre espaço para os comentaristas, ganhando assim mais tempo para a edição".
Diferentemente do SporTV, da ESPN e
da Bandeirantes, a Central Globo de Comunicação afirma que uma quebra de
recorde pode ser mais importante do
que mostrar uma competição com brasileiros. "Nosso lema é: "acompanhar os
brasileiros onde quer que eles estejam".
Mas isso não é uma regra fixa, e podemos deixá-la de lado para mostrar cenas
de um novo recorde mundial."
A Globo levou 130 profissionais a
Sydney, e cerca de 60% deles estão envolvidos com edição. Os esportes mais importantes para os editores globais são futebol, vôlei e tênis, por causa de Gustavo
Kuerten. Mas a ordem é passar o maior
número possível de esportes. "Em nenhuma outra Olimpíada, a Globo mostrou tantos esportes diferentes."
A Rede Bandeirantes não deu muitas
informações sobre a edição de suas imagens. "A maioria dos responsáveis pela
parte de esportes está em Sydney, e os
que ficaram aqui estão muito ocupados",
disse a assessoria de imprensa da emissora.
"Temos oito jornalistas trabalhando na
edição em Sydney e 12 no Brasil. Todos
trabalham com videoteipe, sem contar
os técnicos. Sabemos que a prioridade
para eles são todos os esportes em que o
Brasil compete, além de ginástica olímpica, que, mesmo quando não tem brasileiras competindo, é muito importante."
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