São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2000

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SYDNEY
Enquanto o país dorme, profissionais selecionam o que os telespectadores brasileiros verão durante o dia
Editor de imagem conta a história da Olimpíada

FABIO DANESI ROSSI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

E QUANTO a maioria dos mortais dorme no Brasil, um batalhão de profissionais, aqui e na Austrália, escolhe as imagens mais importantes da Olimpíada de Sydney. Como os índices de audiência na madrugada estão na casa de um dígito, esses profissionais -principalmente os editores de imagens- estão contando a história dos Jogos para a maior parte dos telespectadores. É a Olimpíada do videoteipe.
É responsabilidade dos editores decidir se vale a pena repetir as curiosas cenas do nadador que não sabia nadar, os gols do futebol feminino ou a flechada certeira da arqueira chinesa. Uma responsabilidade e tanto, sobretudo porque há pouco tempo para decidir o que vai ser mostrado nos boletins e noticiários.
"Temos várias equipes de editores", conta Ana Bueno, gerente de marketing do SporTV, emissora que está com quatro canais transmitindo imagens e notícias dos Jogos. "Às vezes o tempo é curto, e daí é uma loucura. Temos duas máquinas recebendo sinais de transmissão diretamente de Sydney. Uma delas é somente para os editores." Ela diz que a prioridade na edição são os atletas brasileiros. "A gente prioriza sempre o Brasil e faz videoteipes longos com esportes mais agitados, como vôlei, basquete, futebol. Agora, natação, judô e atletismo, que têm momentos mortos, a gente edita mais. Sempre que um atleta brasileiro ganha medalha, corremos atrás de imagens dele. Quando o judoca Tiago Camilo ganhou prata, fizemos imediatamente um videoteipe com todas as suas lutas."
Para João Simões, coordenador-executivo da ESPN, os editores não devem dar prioridade a determinados esportes, mas devem se basear na importância do evento. "Se algo de interessante acontece na prova de canoagem, por exemplo, ela vira fundamental. E a gente deve estar sempre tentando abranger o maior número possível de esportes."
Simões afirma que as imagens de disputas envolvendo brasileiros são prioritárias: "Elas são mais importantes para os editores do que uma quebra de recorde feita por um estrangeiro ou do que uma final sem brasileiros". Sobre o processo de edição, comenta: "Muitas vezes é pauleira, uma correria. Mas nós temos uma equipe que entra às 2h e já começa a editar (os Jogos começam, normalmente, às 19h). Quando o tempo é realmente curto, a gente abre espaço para os comentaristas, ganhando assim mais tempo para a edição".
Diferentemente do SporTV, da ESPN e da Bandeirantes, a Central Globo de Comunicação afirma que uma quebra de recorde pode ser mais importante do que mostrar uma competição com brasileiros. "Nosso lema é: "acompanhar os brasileiros onde quer que eles estejam". Mas isso não é uma regra fixa, e podemos deixá-la de lado para mostrar cenas de um novo recorde mundial."
A Globo levou 130 profissionais a Sydney, e cerca de 60% deles estão envolvidos com edição. Os esportes mais importantes para os editores globais são futebol, vôlei e tênis, por causa de Gustavo Kuerten. Mas a ordem é passar o maior número possível de esportes. "Em nenhuma outra Olimpíada, a Globo mostrou tantos esportes diferentes."
A Rede Bandeirantes não deu muitas informações sobre a edição de suas imagens. "A maioria dos responsáveis pela parte de esportes está em Sydney, e os que ficaram aqui estão muito ocupados", disse a assessoria de imprensa da emissora.
"Temos oito jornalistas trabalhando na edição em Sydney e 12 no Brasil. Todos trabalham com videoteipe, sem contar os técnicos. Sabemos que a prioridade para eles são todos os esportes em que o Brasil compete, além de ginástica olímpica, que, mesmo quando não tem brasileiras competindo, é muito importante."


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