São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2000

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Indústria do tabaco fica em xeque

OS MOVIMENTOS defasados e a instabilidade forjada, pseudodocumental da câmera do veterano fotógrafo Dante Spinotti não expressam apenas o discreto tom de reportagem almejado pela direção de "O Informante". Ao se confundir com a subjetividade paranóide do personagem de Russell Crowe, a câmera de Spinotti comprova que os americanos estão vivendo a fase do cinema-verdade de sua patologia. Não é senão por compor, em sua mise-en-scène, um retrato cru e sintomático da neurose de toda uma cultura, tal como a encarna o personagem de Crowe, que "O Informante" se faz um thriller. Pode-se argumentar, inclusive, que o próprio fato de conceber toda uma produção para reencenar uma notícia que todos já sabiam (grosso modo: os cigarros são fabricados para viciar) é, em si, o maior sintoma de tal cultura. O caso, no entanto, abriu precedentes judiciais importantes, desnudando um complô (real) da indústria tabagista, aqui denunciado por um ex-executivo, sujeito meticuloso e paranóico que decide contar tudo o que sabe ao reputado noticiário televisivo produzido por um discípulo idealista de Marcuse (Pacino). (TMM)




O INFORMANTE
Columbia
(The Insider). EUA, 1999. Direção: Michael Mann. Com Russell Crowe e Al Pacino. 157 minutos. Drama.




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