São Paulo, domingo, 25 de outubro de 1998

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MINISSÉRIE

'Chiquinha Gonzaga' une teatro e TV

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

A compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga, idade já avançada, vai ao Teatro Municipal do Rio assistir a uma homenageada a ela. Lá, espera escutar algumas de suas composições, mas encontra um grupo representando passagens de sua vida, numa espécie de auto. A encenação faz com que ela recorde sua história.
Assim começa a minissérie da Globo "Chiquinha Gonzaga", cujas gravações tiveram início na terça-feira na Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, e cuja estréia está prevista para janeiro de 99.
Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro em 17 de outubro de 1847 e morreu, também no Rio, em 28 de fevereiro de 1935. Foi uma das maiores personalidades femininas da história da música popular brasileira e uma da expressões maiores da luta pelas liberdades no país, promotora da nacionalização musical, primeira maestrina, autora da primeira canção carnavalesca e fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais no país, a Sbat (Sociedade Brasileira dos Autores Teatrais).
"Os 40 capítulos da minissérie vão se passar durante o período em que Chiquinha estiver assistindo ao espetáculo de sua vida. É o teatro que vai remeter à história dela. Ela vai ver as representações dos fatos e, algumas vezes, dizer: não, isso não aconteceu assim. Então, lembra como realmente foi", contou Charles Moeller, que vai dirigir a parte teatral da minissérie.
A direção-geral é de Jayme Monjardim.
Moeller é também diretor do musical "Ó Abre Alas",com texto de Maria Adelaide Amaral, em cartaz no teatro Villa Lobos, no Rio, sobre a trajetória de Chiquinha Gonzaga.
"Apesar das duas montagens terem um caráter épico, a TV permite que a história seja melhor destrinchada", disse Moeller.
"A parte teatral da minissérie não tem nada a ver com o que fiz no musical. Estou usando uma linguagem muito mais colorida, sem realismo, justamente para contrapor com os fatos que serão contados pelas lembranças dela. No musical, eu tinha compromisso com o realismo."
Na minissérie, as lembranças de Chiquinha estarão divididas em duas fases. A primeira vai de 1863 (quando Chiquinha tinha 16 anos) a 1876, e a compositora será interpretada por Gabriela Duarte. Na segunda, de 1880 em diante, Regina Duarte assume o papel de Chiquinha.
A minissérie, escrita por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, é baseada em biografias da compositora. Uma delas, "Chiquinha Gonzaga, uma História de Vida", da historiadora Edinha Diniz, 49, que desde 1977, se dedica à pesquisa sobre a compositora.
"Sua história me fascinou. Descobri que ela nasceu bastarda, filha de mãe solteira. Aí achei que valia a pena contar a trajetória dela", disse Edinha.



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