São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VAI COM ELE?

Band traz Goulart de Andrade de volta à madrugada

FERNANDA DANNEMANN
FREE LANCE PARA A FOLHA

DEPOIS DE 23 anos no ar e de uma parada breve no ano passado, Goulart de Andrade está de volta com seu "Comando da Madrugada", que estréia no próximo sábado, à meia-noite, na Band. Com 43 anos de jornalismo, ele passou por cinco emissoras e atingiu a marca histórica de 80 pontos de audiência na Globo, quando foi operado pelo cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini (1913-1994), em rede nacional. Experiente, Goulart faz mistério quanto às matérias que pretende levar ao ar. "É o cuidado com a concorrência", diz.

Como vai ser o novo "Comando da Madrugada"?
Quero manter a expectativa do telespectador, que não saberá direito o que terá pela frente. Minha matéria-prima é o comportamento humano. Vamos transitar da gastronomia ao registro da noite.

Por que o sr. decidiu voltar?
Não quero ser arrogante e dizer que faço falta, mas todo mundo ficava me cobrando. Espero que o retorno dê audiência compatível com esse interesse.

O que o sr. acha da concorrência que vai enfrentar?
Sei que a Globo tem o Serginho [Groissman]. Na Rede TV!, tem aquela moça, a Monique [Evans]. No SBT não sei o que tem nesse horário. Claro que me preocupo com a aceitação, mas não sei se faria modificações pela audiência. Sabe aquela história de olhar o ibope e apelar? Não sei fazer isso. Ainda. Tomara que não aprenda nunca.

O sr. gostava de fazer o "Globo Repórter"?
Adorava. Agora virou programa de bichinho. É barato, né? Você filma a girafa por dez minutos, dá um close na bunda dela e bota um texto. Não quero criticar, isso é antiético. Por mais mal-feito que seja, prefiro isso a outras coisas.

E quais as matérias mais incríveis que o sr. fez?
Fiz uma sobre a mulher moderna: alternamos depoimentos de várias mulheres, teve até a Regina Duarte, com imagens de uma mulher dando à luz de cócoras, que é o parto natural. No final, a câmera dava um close no sexo da menininha que tinha nascido e entrava um letreiro com a frase "Está nascendo uma nova mulher". Mas a imagem foi cortada por causa do moralismo.
Incrível mesmo foi a reportagem sobre cirurgias cardíacas, que deu o maior índice de audiência: 80 pontos. Fui entrevistar o dr. Zerbini, senti umas dores no peito e ele me convidou para um exame. Topei com a condição de filmar. Acabei sendo levado para o centro cirúrgico. Minhas três pontes de safena foram ao ar no "Globo Repórter".

O sr. gosta dos "reality shows"?
Posso ser crítico quanto à invasão que esses programas fazem, mas isso não é crime. O Picasso, inclusive, criou seus desenhos eróticos através do voyeurismo.

E da programação da TV aberta?
O público está mediocrizado. A TV poderia exercer um papel mais interessante culturalmente, sem ser elitista.



Texto Anterior: Sem os direitos, concorrentes tentam evitar goleada
Próximo Texto: "Eu Tu Eles" estréia no canal Cinemax
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.