São Paulo, domingo, 27 de maio de 2001

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"A série é completa, não faltou nada"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Uma série completa." É assim que o apresentador e especialista em jazz Jô Soares definiu a série que será exibida a partir de amanhã pelo canal pago GNT, na qual faz uma participação. Leia trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.

Como será sua participação na série?
Apenas apresento a série rapidamente, no primeiro episódio, falo de sua importância.

Você já assistiu à série inteira? Qual sua opinião sobre ela?
Eu já tinha o programa em DVD. É excelente, muito bem feito, mostra toda a evolução do jazz, que é a maior criação artística do século 20. É realmente completo. Na minha opinião, não ficou faltando nada.

Você acha que o documentário é conservador por privilegiar o período das big bands (anos 30 e 40) em detrimento dos anos 50 e 60?
Acho injusto dizer que o documentário se limitou a um período do jazz, tanto que o narrador mais importante da série é o Wynton Marsalis, que é um músico contemporâneo. O que acontece é que a época das big bands foi a época em que o jazz mais se assemelhou, como cultura de massa, à música pop atual. Só para se ter uma idéia, o primeiro concerto ao ar livre reuniu cerca de 50 mil pessoas. A música pop atual é filha ou neta do jazz, que teve a mesma importância que essa música tem hoje. Então, o documentário mostra mais o período em que o jazz foi mais popular.

Uma série sobre jazz, um estilo pouco comercial no Brasil, vai interessar ao público daqui?
O jazz está voltando a ser popular no mundo todo, inclusive no Brasil. Músicos importantes estão vindo para cá, com shows lotados. Além disso, a série é muito boa não só para quem gosta de jazz, mas para quem gosta de história, já que conta a história americana da época de uma forma muito boa. E o jazz tem uma ligação forte com a música brasileira. Influenciou o surgimento da bossa nova e foi influenciado por ela.

O que chamou mais a sua atenção na série?
Olha, são dez DVDs, é muita coisa, não dá para lembrar. Achei sensacional o Wynton Marsalis ser um dos narradores. E também é sensacional o fato de o documentário não se ater exclusivamente à música. Ele fala da evolução do mundo naquela época, mostra, por exemplo, como o jazz se comportou durante o período da depressão americana, ou a participação dos músicos nas Guerras Mundiais. Através do microcosmo do jazz, o diretor faz uma análise do macrocosmo da época. Há um contexto político na série, que é tão importante quanto a história do jazz. É um painel da história contemporânea. (CC)



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