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"A série é completa, não faltou nada"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Uma série completa." É assim que o apresentador e especialista em jazz Jô Soares definiu a série que será exibida a partir de amanhã pelo canal
pago GNT, na qual faz uma participação. Leia trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.
Como será sua participação na série?
Apenas apresento a série rapidamente, no primeiro episódio, falo de sua importância.
Você já assistiu à série inteira? Qual sua opinião
sobre ela?
Eu já tinha o programa em DVD. É excelente,
muito bem feito, mostra toda a evolução do jazz,
que é a maior criação artística do século 20. É realmente completo. Na minha opinião, não ficou
faltando nada.
Você acha que o documentário é conservador por
privilegiar o período das big bands (anos 30 e 40)
em detrimento dos anos 50 e 60?
Acho injusto dizer que o documentário se limitou a um período do jazz, tanto que o narrador
mais importante da série é o Wynton Marsalis,
que é um músico contemporâneo. O que acontece é que a época das big bands foi a época em que
o jazz mais se assemelhou, como cultura de massa, à música pop atual. Só para se ter uma idéia, o
primeiro concerto ao ar livre reuniu cerca de 50
mil pessoas. A música pop atual é filha ou neta do
jazz, que teve a mesma importância que essa música tem hoje. Então, o documentário mostra
mais o período em que o jazz foi mais popular.
Uma série sobre jazz, um estilo pouco comercial
no Brasil, vai interessar ao público daqui?
O jazz está voltando a ser popular no mundo todo, inclusive no Brasil. Músicos importantes estão vindo para cá, com shows lotados. Além disso, a série é muito boa não só para quem gosta de
jazz, mas para quem gosta de história, já que conta a história americana da época de uma forma
muito boa. E o jazz tem uma ligação forte com a
música brasileira. Influenciou o surgimento da
bossa nova e foi influenciado por ela.
O que chamou mais a sua atenção na série?
Olha, são dez DVDs, é muita coisa, não dá para
lembrar. Achei sensacional o Wynton Marsalis
ser um dos narradores. E também é sensacional o
fato de o documentário não se ater exclusivamente à música. Ele fala da evolução do mundo naquela época, mostra, por exemplo, como o jazz se
comportou durante o período da depressão americana, ou a participação dos músicos nas Guerras Mundiais. Através do microcosmo do jazz, o
diretor faz uma análise do macrocosmo da época.
Há um contexto político na série, que é tão importante quanto a história do jazz. É um painel da
história contemporânea.
(CC)
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