|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Remakes refletem crise do gênero
da Reportagem Local
Com "Louca Paixão" a Record se junta às outras emissoras na febre dos remakes. A
prática, cada vez mais comum, reflete uma crise no
formato e no gênero. Até os
próprios autores querem que
sejam feitas mudanças.
Já foram refeitas novelas como "Anjo Mau" e "Pecado
Capital", na Globo, "Éramos
Seis", no SBT (com "O Direito de Nascer" guardada na
gaveta), e "Meu Pé de Laranja
Lima", na Bandeirantes.
A Globo não é a principal
adepta da prática por acaso.
Nos últimos anos, suas novelas têm estado abaixo das metas de audiência da emissora.
No horário noturno na Globo, das 18h às 23h59, a medição do Ibope apontou queda
de seis pontos na média de audiência -de 38, em outubro
1995, a 32, no mesmo mês em
1998. Cada ponto equivale e
80 mil telespectadores na
Grande São Paulo.
"As novelas não estão em
crise. Pelo contrário. O que há
é muitas tramas no ar e as pessoas não assistem mais somente à Globo", afirma
Walcyr Carrasco, autor de
"Fascinação", do SBT.
Na mesma medição do Ibope, o SBT e a Record ganharam quatro e seis pontos, respectivamente, de outubro de
95 ao mesmo mês em 98.
"Os autores cansaram das
novelas longas. Precisamos de
tramas com menos capítulos,
onde o trabalho de pesquisa e
de elenco possa ser mais elaborado", afirma Lauro César
Muniz, autor da minissérie
"Chiquinha Gonzaga".
Alcides Nogueira, que é
co-autor da próxima novela
das seis da Globo junto com
Gilberto Braga, também acha
que as minisséries são o ideal.
"A forma como as novelas
são feitas hoje está tornando a
coisa toda uma linha de montagem. É um trabalho massacrante", afirma.
Talvez a tese a favor das minisséries esteja certa. "Chiquinha" alcançou índices impressionantes para o horário
em que foi exibida (23h). Enquanto "Suave Veneno" patinava com índices que chegaram a médias de 29 pontos, a
minissérie chegou, no dia 19
de fevereiro, a superar a trama das oito obtendo 33 pontos contra 32 da novela.
Se a comparação for feita
com "Auto da Compadecida", exibida em janeiro, pela
Globo, a diferença fica ainda
mais surpreendente. A minissérie marcou índices de 39
pontos, que "Suave Veneno" só igualou quatro vezes e
superou em três ocasiões.
O autor da novela das oito,
Aguinaldo Silva, acha que tramas mais curtas seriam o
ideal para quem as escreve.
Mas diz que isso é também
uma ilusão. "Uma novela da
Globo só se paga após o capítulo 80. É ilusão achar que podemos fazer tramas menores
que sejam rentáveis", diz.
Para ele, o modo de produção das novelas deveria ser revisto para diminuir o tempo
entre o momento em que o
autor escreve e o dia em que o
capítulo vai ao ar. "A novela
precisa ser cada vez mais
quente e antenada", diz.
Ana Maria Moretzsohn, que
escreveu "Pedra sobre Pedra" e "Tieta", junto com
Aguinaldo Silva, e assinou
"Serras Azuis", acha que a
solução está em mandar as
novelas para o horário da tarde e investir em seriados no
horário nobre. Esse é o formato adotado pelas redes de
TV dos EUA.
Silva acha a solução impraticável no Brasil. "Como a Globo iria produzir
mais três programas diferentes por dia, seis dias por
semana? É inviável, não há
escala de produção para isso", avalia.
Já Yves Dumont, o autor
de "Louca Paixão", acha
que a saída está num caminho intermediário: novelas com cerca de 140 capítulos contra o padrão de
cerca de 180 da Globo. "As
tramas mais curtas com
um número menor de personagens são mais fáceis.
Acaba sendo mais agradável para o autor escrever e
controlar", conclui.
Texto Anterior: Começar de novo Próximo Texto: Próximos capítulos Índice
|