São Paulo, domingo, 28 de julho de 2002

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CRÍTICA BIG BROTHER 2

O jeitinho brasileiro contra um formato desumano

MARCELO MIGLIACCIO
EDITOR DO TV FOLHA

O diretor do "Big Brother Brasil", J. B. de Oliveira, o Boninho, escapou com criatividade de uma armadilha do destino. Pegou um rabo de foguete ao assumir o "reality show" comprado à Endemol, para muitos uma idéia fascista que aproveita a sede de fama e dinheiro de boa parte da população para trancafiar anônimos numa casa e escancarar as fraquezas que se potencializam no confinamento.
No primeiro "BBB", a coisa ainda foi punk. A bulimia de Alessandra exposta sem escrúpulos, participantes embriagados andando de quatro pela casa, Mariza Orth batendo cabeça com Pedro Bial e a imprevisível vitória do "Forrest Gump" Kléber Bambam.
Mas, no segundo programa, que terminou na última terça, Boninho e sua equipe conseguiram se safar pela via do humor, dando um jeitinho brasileiro no formato pra lá de desumano.
Controlaram a bebida alcoólica, satirizaram o assédio de Thyrso a Manuela com a "novela" "Algemas da Paixão", brincaram com a falta de asseio da aeromoça Cida e com a pouca cultura dos participantes, além de passarem por cima da transa entre Jéferson e Tarciana e livrarem o versátil Bial da deslocada Mariza.
O êxito do "Big Brother 2" em audiência deveria ser uma lição para a Globo. Toda vez que a emissora aposta na criatividade de seus contratados, o resultado é surpreendente. Quando, no entanto, ela coloca os garrotes do ibope sobre o instinto criativo da turma, surgem programas sofríveis, como, por exemplo, as novelas "Coração de Estudante", agora desfigurada por Carlos Lombardi, e "Malhação", o pastiche do pastiche adolescente.


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