São Paulo, Domingo, 30 de Janeiro de 2000


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CORRA, LETÍCIA, CORRA!
Atropelo e correria marcam produção, escolha do elenco e gravações da nova novela da Globo, que estréia amanhã na faixa das 18h
Pressa é a palavra de ordem em "Esplendor"

Divulgação
Letícia Spiller não pára nem para respirar durante as gravações de "Esplendor", novela que foi produzida às pressas e que estréia amanhã, às 18h, na Globo


ALEXANDRE MARON
DA SUCURSAL DO RIO

U MA novela da Rede Globo começa a ser feita com pelo menos seis meses de antecedência. No caso do horário das oito, por exemplo, já estão escolhidas as duas próximas tramas -uma de Manoel Carlos e outra de Glória Perez. "Esplendor", a nova trama das seis, que estréia amanhã, às 18h, quebrou todas essas regras e foi uma enorme correria.
As novelas nascem com uma sinopse inicial, que depois é enriquecida com os detalhes de cada personagem. Em seguida, o autor escreve os primeiros 18 a 20 capítulos e entrega à equipe de produção, que já está escalando o elenco. Todo esse processo dura alguns longos meses, enquanto outra novela ainda está no ar.
No caso de "Esplendor", todas essas etapas foram se sobrepondo porque houve uma súbita mudança de planos. Quem ia escrever a trama das seis até o início de novembro do ano passado seria Carlos Lombardi, mas a direção da emissora decidiu convocar Ana Maria Moretzsohn, que tinha apenas um fiapo de trama delineada. Ela não imaginava que seria chamada naquele momento.
A Folha apurou que Lombardi não entregou um número suficiente de capítulos a tempo e esse teria sido o motivo da emissora para a mudança. Procurado pela Folha, Lombardi não respondeu às cinco ligações da reportagem.
A pressa também fez com que a emissora fosse obrigada a fazer um teste que estava adiando: criar tramas com menos capítulos, cenários e personagens. Só subdimensionando a produção seria possível fazer uma novela em tão pouco tempo.
Assim a autora criou uma história de suspense com 80 capítulos, 18 personagens, três cenários fixos e um custo por capítulo de cerca de R$ 55 mil. Uma novela normalmente tem 180 capítulos, ao custo de R$ 80 mil cada, e o dobro de personagens.
Para Ana Maria Moretzsohn, tramas curtas evitam as barrigas -aquele momento no meio da novela em que o autor precisa esticar a história e fica sem assunto. A duração menor facilita também a criação de tramas cheias de clima.
"Escolhi o suspense porque sempre quis fazer uma história do gênero, mas não acho que dê certo escrevê-la para uma novela normal, com tantos capítulos", afirma Ana Maria.
Outra medida sutil que fez toda a diferença na produção de "Esplendor" foi a escolha do período temporal da trama. Ao situar a história em 1958, a autora facilitou o trabalho de produção porque Wolf Maya, o diretor-geral, mobilizou a mesma equipe que trabalhara, pouco mais de um ano antes, na minissérie "Hilda Furacão", ambientada no mesmo período. A idéia diminuiu os esforços de pesquisa de cenários e figurinos.
"Estamos com uma equipe pequena, que tenta fazer uma produção de qualidade em pouco tempo e com menos dinheiro", analisa Maya.
Escalar o elenco em tão pouco tempo também foi um pesadelo. Os atores eram chamados para o papel e começavam a gravar poucos dias depois. Letícia Spiller, a protagonista da trama, tinha acabado de se livrar da vilã Maria Regina, de "Suave Veneno", cortara o cabelo bem curto e já se viu envolvida com uma nova trama.
A pressa era tanta que a atriz precisou procurar um cabeleireiro que usou produtos químicos especiais que aceleraram o crescimento de seu cabelo.
Murilo Benício foi outra vítima da correria. Foi sondado, aceitou o papel e começou a gravar no prazo recorde de cinco dias.
Além de serem chamados às pressas, em uma novela com menos personagens há mais trabalho para os protagonistas. "Fiquei preocupada com a Letícia. O ritmo inicial das gravações foi desumano. Ela está em quase todas as cenas. É uma loucura", conta Ana Maria.
O cansaço era tal que Floriano Peixoto, co-protagonista de Letícia na trama, disse que não sentia a menor pressão em fazer o papel principal, mas que a carga de trabalho era grande demais. "Estou gravando muitas cenas. É um trabalho maravilhoso, mas cansativo. São pelo menos 12 horas por dia e ainda preciso decorar as falas do dia seguinte", disse, bem-humorado e abatido.
A autora também sofreu. Os primeiros 18 capítulos, justamente os que demoram mais tempo para serem escritos, foram entregues à equipe de produção na última semana de novembro, cerca de 20 dias após o sinal verde.

A história
A história começa em 1958, quando Flávia Cristina (Letícia Spiller), tentando proteger o irmão mais novo, Bruno (Caio Blat), fere um criminoso e é levada a crer que o matou. Ela foge da polícia e conhece Flávia Regina (Christine Fernandes), que a convence a ir com ela para a cidade de Esplendor.
As duas vão juntas e, quando o ônibus no qual viajam sofre um acidente, têm as identidades trocadas. Cristina assume o lugar da amiga na casa do viúvo Frederico (Floriano Peixoto).
Em pouco tempo, Cristina conquista Frederico e seus filhos, mas se vê pressionada pela mentira. Para completar a confusão, o irmão Bruno, fazendo tipo de rebelde sem causa, aparece para criar problemas.
Os componentes de mistério e suspense ficam por conta da casa onde Frederico vive com sua família. Os moradores ouvem ruídos estranhos e o filho mais novo vê a mãe morta, como o garoto do filme "O Sexto Sentido". Há também a vidente Laura (Claudia Alencar), que revela a verdadeira identidade de Cristina.


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