São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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NA BANHEIRA COM GUGU

Apresentador, que tem contrato com o SBT até 2002, diz não querer mais tempo no ar; o que ele quer mesmo é uma emissora só sua

"Eu quero a minha emissora de TV!"

Ele é o líder nas tardes de domingo, mas não gosta do termo "guerra da audiência". Gugu Liberato, apresentador do "Domingo Legal", adora TV, mas odeia programas de televendas, tênis e automobilismo.
Seu sonho é ter uma emissora, mas diz não ter cacife para comprar o SBT ou a Manchete, apesar de faturar mais de US$ 100 mi por ano. Enquanto disputa a concessão de um canal no Paraná, Gugu fala sobre seu futuro.

FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Editor do TV Folha



Qual o futuro que você vê para essa guerra dominical da audiência?
Não gosto dessa expressão "guerra de audiência". Existe sim uma disputa normal, que já se tornou comum também em outros horários e dias da semana. Quanto ao futuro, acredito que o caminho natural é uma reciclagem que vai acontecendo aos poucos e constantemente. O "Domingo Legal" que fazíamos há quatro anos era totalmente diferente do exibido atualmente. Nos adaptamos ao momento que estamos vivendo, sem mudanças radicais. O programa muda todas as semanas. Um dia abordamos um fato relevante, no outro um artista que foi noticia na semana, num outro uma rebelião na Febem... Tudo costurado com musicais, atrações divertidas e entrevistas. Nunca entro no palco com o programa fechado.
Você se enxerga trabalhando em outra emissora?
Não consigo imaginar isso. Minha história foi construída no SBT e lá me sinto em casa. Agora, o futuro, a gente nunca sabe. Se depender da minha vontade, permanecerei no SBT, onde tenho contrato até 2002. Não vejo uma outra emissora me dando o mesmo espaço para fazer meu trabalho da maneira que faço no SBT. Oficialmente, não recebi nenhuma proposta de outras emissoras. Isso não impede que eu tenha amigos em outras emissoras. Como produtor, até temos um programa exibido na Record, o "Escolinha do Barulho".
Além desse, que projetos estão sendo tocados pela sua produtora?
Temos o projeto de um programa feminino que deve estrear em breve na Bandeirantes e outro, sobre a noite paulistana, que estou tocando com o Klaus Ebone para a CNT/ Gazeta (título provisório "Klaus, o Kamaleão").
Além da produtora, quais são seus outros negócios?
Bem, tenho o Fantasy Acqua Club, o Parque do Gugu, o Posto do Gugu e 24 Lojas do Gugu. Também invisto em empreendimentos imobiiários (incorporações). Tenho ainda cerca de 50 produtos licenciados com minha marca.
Tem projetos para a Internet?
Já fui sócio de um pequeno provedor (em 97/98). Deixei o negócio pois trata-se de um universo ocupado por megaempresas que precisam concentrar seus esforços para acompanhar os avanços tecnológicos. Não tenho planos de investir ou ser sócio de algum provedor
Qual a pior coisa que você já viu?
Jamais esqueci de uma cena que vi no "Aqui & Agora", quando uma pessoa se suicidou diante das câmeras.
Seu programa já foi acusado de fraude. Como você diria que isso influiu na sua credibilidade junto à audiência?
Não influenciou em nada na audiência, até porque a acusação não tinha fundamento. O público não reagiu negativamente. Quando uma acusação não têm fundamento, ela se esvazia.
E sobre o quadro da banheira e as pegadinhas? Muitos de nossos leitores não apreciam aquelas pegadinhas que assustam de verdade e levam as vítimas ao choro ou ao desespero...
Sempre existirá gente protestando e gente pedindo novas pegadinhas. É claro que elas são de verdade, senão seríamos acusados de fraude. Mas elas são encomendadas por algum amigo da pessoa ou parente. É um quadro que agrada o publico. O "Telegrama Legal" é uma atração de enorme sucesso. É uma brincadeira saudável, e nunca exibimos nenhuma pegadinha sem a autorização das pessoas envolvidas. O importante é saber a hora certa de tirar um quadro do ar e criar novidades.
O que você acha dessa "cruzada" pela ética e por qualidade na TV? Que mecanismo de controle você acha que é o mais recomendável?
Sou a favor daquele aparelhinho que controla os aparelhos de TV, o V-Chip. Na minha opinião, é a maneira mais democrática de estabelecer limites, de acordo com o pensamento e filosofia de cada família. Uma maneira de controlar o que se assiste sem cair no perigo da censura transformada em lei. Cabe aos pais decidir o que os filhos podem ver.
Você gostaria de ter um outro programa ou mais tempo no ar?
Nem pensar! Isso é inviável. Não sou louco. Gostaria é de ter uma emissora. Estou concorrendo a uma concessão em Curitiba. Acredito ter potencial e capacidade para tocar um negócio como este.




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