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JUVENTUDE TRANSVIADA
"Programa Livre" adota estilo "Rateen"
Lili Martins/Folha Imagem
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O apresentador Otávio Mesquita e Tiazinha, no "Programa Livre" do último dia 22 |
Agora ancorado por cinco apresentadores, programa do SBT apela para atrações mais populares para manter audiência
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ANDRÉA DE LIMA
ERIKA SALLUM
Da Reportagem Local
APÓS a saída de Serginho Groisman,
o "Programa Livre", do SBT, manteve -e por vezes chega a superar- os índices de audiência que a atração conseguia anteriormente.
No entanto, para atingir tal feito, o SBT
alterou radicalmente o perfil do programa: saíram os políticos, os especialistas
em questões ligadas aos jovens, a MPB e
o rock, que deram vez ao pagode, ao axé,
à Tiazinha. É a era do Tchan no "Programa Livre", que virou uma espécie de filial
teen do "Programa do Ratinho".
Desde o dia 13 de setembro com o rodízio de apresentadores -Nei Gonçalves
Dias, Marcia Goldschmidt, Lu Barsotti,
Christina Rocha e Otávio Mesquita-, a
atração vem registrando média de 7 pontos no Ibope (cada ponto equivale a cerca
de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo), contra a
média de 5 pontos contabilizada por Serginho Groisman
em seus últimos meses à frente do programa.
Segundo Vildomar Batista, diretor do "Programa Livre",
esse crescimento no Ibope se deve, especialmente, a um novo tipo de telespectador que passou a assisti-lo após as mudanças: "Com o Serginho, sempre perdíamos para o "Note
& Anote", da Record. Agora, não. Agregamos um novo público: as donas-de-casa estão gostando de ver o "Programa
Livre". Recebemos cartas dizendo que antes o programa era
chato e atualmente está mais interessante".
Por "atualmente", entenda-se "após a popularização",
com um naipe de convidados que inclui desde o sertanejo
Daniel ao padre Marcelo, passando pela ex-delegada Marinara Costa e Carla Perez.
A nova fase do programa, mais apelativa, não se reflete
apenas nos convidados, mas também na atuação dos novos
apresentadores. No último dia 22, Otávio Mesquita fez um
adolescente da platéia se deitar em uma toalha estampada
com a imagem da Tiazinha: "Ele se deitou com a Tiazinha!",
disse o apresentador.
O diretor do programa contesta a expressão "popularização": "Nós não estamos nos tornando mais populares, apenas ampliamos o leque de possibilidades do programa. Não
posso fazer um programa para meu colega de faculdade, tenho de me preocupar com outros telespectadores -apesar
de a moçada continuar sendo nosso
principal alvo".
As mudanças, no entanto, não têm
agradado a todos. Para o coordenador
de eventos do colégio Arquidiocesano,
de São Paulo, Ton Teschima, 39, o programa "ficou ridículo". "Os próprios
alunos não pedem mais para ir. Essa versão não tem nada a ver. O Serginho tinha
um carisma, não forçava a barra, a
exemplo do que acontece agora."
Frequentadora do "Programa Livre"
há quatro anos, a estudante Cintia Regina da Silva, 16, diz que "não tem mais
chance de se expressar, como acontecia
na época do Serginho". "Esse programa
sempre foi uma ferramenta para o jovem dizer o que pensa. Agora, mudou.
Não valorizam a gente", disse Cintia, na
platéia do programa no último dia 22.
Em carta ao caderno Folhateen, um
adolescente reclamou: "(o programa) ficou ridículo com apresentadores que
querem transformar o espaço único que
tínhamos em um mero programa de auditório".
Procurado pela Folha, Groisman preferiu não
comentar as mudanças no programa.
Agora, se a meta é a audiência, o SBT está no
caminho certo, segundo o publicitário Antonio
Rosa Neto, 46, da Dainet Multimídia. "Noventa
por cento dos telespectadores brasileiros se
identificam com o popular". Mas, adverte, "se o
programa deixar de falar com o jovem, sua linha
tradicional, ele vai perder completamente o perfil de seus anunciantes. A saída do Serginho
Groisman deixou o programa sob suspeita, e o
mercado publicitário reage rapidamente".
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