São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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PERFIL

Ator brilha em "Terra Nostra" como Bartolo

Antonio Calloni

Da Reportagem Local



Demorou, mas Antonio Calloni chegou lá. Treze anos depois de seu primeiro papel na TV, em "Anos Dourados" (1986), o ator saboreia seu melhor momento na telinha: o italiano Bartolo, de "Terra Nostra". Ex-vendedor, ex-criador de coelhos, ex-jogador de basquete ("já joguei até contra o Oscar"), ele diz que não se surpreende com o sucesso do personagem: "Não apareci de repente. Bartolo é fruto de uma longa e feliz carreira".

Qual será o futuro do Bartolo?
O futuro dele a Deus pertence -Deus, no caso, é o Benedito Ruy Barbosa (risos). Acho que podem acontecer várias coisas com ele: pode conseguir sua terra, ir tentar a vida em outro lugar, morrer... Mas o legal é que ele já conseguiu, reivindicando, plantar sua roça.
Sua ascendência italiana facilitou muito na composição do personagem?
Minha primeira língua foi o italiano, e a composição do Bartolo deriva muito de toda minha história familiar -meus pais são da Toscana. Normalmente falo em português com meu pai, que responde em italiano, mas, com o advento da novela, estamos falando mais na língua dele. Mas, mais do que um simples italiano, Bartolo é um grande personagem...
Você tem uma longa carreira no teatro e no cinema. É difícil contracenar com atores tão inexperientes como os que são escalados para as novelas?
Não quero me passar de bom-moço, mas tenho uma mania de ter fé no companheiro com o qual contraceno. É evidente que não sou débil mental e tenho senso crítico, claro, mas, em cena, esse senso crítico desaparece. Aprendi a nunca subestimar ou julgar ninguém.
Isso vale até para "Malhação", por exemplo, um programa povoado por atores muito jovens e inexperientes?
Eu já fiz um especial de férias em "Malhação" há uns quatro anos. No meio dessas pessoas, existem talentos que precisam ser burilados e tem outros que jamais serão atores. Em todo lugar, você pode tirar proveito e aprender. Mas é claro que prefiro fazer uma minissérie ou uma novela como "Terra Nostra".
É muito mais complicado errar quando se está em uma novela das oito?
Sem dúvida, a novela das oito sempre foi o filé mignon da casa, e a responsabilidade é muito maior. Mas sempre fiz meu trabalho com uma certa irresponsabilidade, porque não posso ficar tenso com coisas que não fazem parte dele. Minha função é fazer um personagem, e isso não tem a nada ver com Ibope ou audiência.
Você não parece ser uma pessoa muito preocupada em aparecer, mas saiu recentemente na "Caras". Você toparia passar uns dias no castelo de "Caras"?
Saí na revista, mas não abri minha casa a ninguém. Cabe ao ator estabelecer seus limites. O ator precisa da imprensa e vice-versa, e ela sempre se interessou por mim unicamente pelo meu trabalho. Não tenho por que me esconder da imprensa. Mas não sei se o castelo faz muito meu perfil -nada contra, mas tem coisas que eu não me vejo fazendo.
O que você não gosta que seu filho veja na televisão?
Não dá para isolar o filho, tem de haver um equilíbrio. Prefiro que ele não veja violência, mas, ao mesmo tempo, o Pedro precisa saber que isso existe. Tudo é uma questão de equilíbrio, saber dosar.
É verdade que você já criou coelhos?
Sim, tenho até diploma de cunicultor (risos). Já fui vendedor de eletrodomésticos, jogador de basquete... Como ator, comecei me apresentando na periferia de São Paulo. Fiz teatro em capela e até em lanchonete em construção. (ES)


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