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PERFIL
Ator brilha em "Terra Nostra" como Bartolo
Antonio Calloni
Da Reportagem Local
Demorou, mas Antonio Calloni chegou lá.
Treze anos depois de seu primeiro papel na
TV, em "Anos Dourados" (1986), o ator saboreia seu melhor momento na telinha: o italiano Bartolo, de "Terra Nostra". Ex-vendedor, ex-criador de coelhos, ex-jogador de
basquete ("já joguei até contra o Oscar"), ele
diz que não se surpreende com o sucesso do
personagem: "Não apareci de repente. Bartolo é fruto de uma longa e feliz carreira".
Qual será o futuro do Bartolo?
O futuro dele a Deus pertence -Deus,
no caso, é o Benedito Ruy Barbosa (risos). Acho que podem acontecer várias
coisas com ele: pode conseguir sua terra,
ir tentar a vida em outro lugar, morrer...
Mas o legal é que ele já conseguiu, reivindicando, plantar sua roça.
Sua ascendência italiana facilitou
muito na composição do personagem?
Minha primeira língua foi o italiano, e a
composição do Bartolo deriva muito de
toda minha história familiar -meus
pais são da Toscana. Normalmente falo
em português com meu pai, que responde em italiano, mas, com o advento da
novela, estamos falando mais na língua
dele. Mas, mais do que um simples italiano, Bartolo é um grande personagem...
Você tem uma longa carreira no teatro e no cinema. É difícil contracenar
com atores tão inexperientes como os
que são escalados para as novelas?
Não quero me passar de bom-moço,
mas tenho uma mania de ter fé no companheiro com o qual contraceno. É evidente que não sou débil mental e tenho
senso crítico, claro, mas, em cena, esse
senso crítico desaparece. Aprendi a nunca subestimar ou julgar ninguém.
Isso vale até para "Malhação", por
exemplo, um programa povoado por
atores muito jovens e inexperientes?
Eu já fiz um especial de férias em "Malhação" há uns quatro anos. No meio
dessas pessoas, existem talentos que precisam ser burilados e tem outros que jamais serão atores. Em todo lugar, você
pode tirar proveito e aprender. Mas é claro que prefiro fazer uma minissérie ou
uma novela como "Terra Nostra".
É muito mais complicado errar quando se está em uma novela das oito?
Sem dúvida, a novela das oito sempre
foi o filé mignon da casa, e a responsabilidade é muito maior. Mas sempre fiz meu
trabalho com uma certa irresponsabilidade, porque não posso ficar tenso com
coisas que não fazem parte dele. Minha
função é fazer um personagem, e isso não
tem a nada ver com Ibope ou audiência.
Você não parece ser uma pessoa muito preocupada em aparecer, mas saiu
recentemente na "Caras". Você toparia
passar uns dias no castelo de "Caras"?
Saí na revista, mas não abri minha casa
a ninguém. Cabe ao ator estabelecer seus
limites. O ator precisa da imprensa e vice-versa, e ela sempre se interessou por
mim unicamente pelo meu trabalho.
Não tenho por que me esconder da imprensa. Mas não sei se o castelo faz muito
meu perfil -nada contra, mas tem coisas que eu não me vejo fazendo.
O que você não gosta que seu filho
veja na televisão?
Não dá para isolar o filho, tem de haver
um equilíbrio. Prefiro que ele não veja
violência, mas, ao mesmo tempo, o Pedro precisa saber que isso existe. Tudo é
uma questão de equilíbrio, saber dosar.
É verdade que você já criou coelhos?
Sim, tenho até diploma de cunicultor
(risos). Já fui vendedor de eletrodomésticos, jogador de basquete... Como ator,
comecei me apresentando na periferia de
São Paulo. Fiz teatro em capela e até em
lanchonete em construção. (ES)
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