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NO ESCURO
Bandeirante, que pode até ser multada por atraso na distribuição, alega ter cumprido uma liminar da Justiça
Carta com meta atrasa para 10 mil no Vale
DEBORAH COSTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
Pelo menos 10,5 mil consumidores das 19 cidades da área de
concessão da Bandeirante Energia no Vale do Paraíba e no litoral
norte não receberam a carta que
informa sobre a meta de consumo
de energia elétrica que vai vigorar
durante o racionamento.
O prazo dado pela Câmara de
Gestão da Crise de Energia Elétrica para a distribuição terminou
anteontem. No total, a Bandeirante emitiu 540 mil cartas.
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) baixou ontem
uma resolução que prevê a realização de auditorias para verificar
se as concessionárias cumpriram
o prazo de entrega das metas.
A auditoria, feita por amostragem, vai avaliar também a extensão e os motivos do atraso.
A resolução prevê notificações e
multas de até 2% da receita líquida das empresas. A da Bandeirante foi de R$ 2,356 bilhões em 2000.
Na hipótese de a empresa receber
a maior punição, a multa pode
chegar a R$ 47 milhões.
A Bandeirante informou que
suspendeu a entrega após receber
uma liminar concedida pelo juiz-substituto da 6ª Vara de Justiça
Federal, Alexandre Cassetari.
A liminar afirma que as concessionárias, entre elas a Bandeirante, devem suspender a entrega de
cartas que ameacem o consumidor de suspensão da energia, caso
eles não cumpram a meta.
Segundo a Justiça Federal, a decisão só vale para municípios da
Grande São Paulo.
De acordo com o gerente-executivo da área comercial da empresa, Rene Mina Vernice, a Bandeirante, na dúvida, acatou.
Ontem, dezenas de pessoas procuraram a central de atendimento
da Bandeirante para reclamar que
não haviam recebido a carta.
De 11 pessoas ouvidas pela Folha ontem de manhã que reclamavam do atraso, dez eram da região sul de São José. Os consumidores diziam que toda a vizinhança não havia recebido a carta.
A aposentada Wanda de Almeida Carvalho Porto, 64, disse que
ela mesma estava fazendo as contas para descobrir a sua cota.
Ela mora no Jardim Apolo, região central. "Ninguém da minha
rua recebeu a carta", disse.
O aposentado José Francisco
Fraga, 77, mora no Jardim Satélite
e também disse que ninguém da
rua recebeu a carta. "Estou tentando entender a meta."
Segundo a Câmara de Gestão da
Crise de Energia Elétrica, o consumidor que não cumprir a meta estabelecida pelo governo federal
estará sujeito a multas e cortes da
energia.
Contradições
A empresa DTS Tecnologia e
Serviços, responsável pela distribuição das cartas, havia informado anteontem à Folha que faltavam apenas 200 correspondências da área da Bandeirante.
Ontem, o gerente operacional
da DTS, João Sahium Raisa, disse
que as cartas não entregues são de
pessoas que mudaram de residência ou viajaram e de endereços
não encontrados.
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