São José dos Campos, Quarta-feira, 06 de Junho de 2001

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NO ESCURO
Bandeirante, que pode até ser multada por atraso na distribuição, alega ter cumprido uma liminar da Justiça
Carta com meta atrasa para 10 mil no Vale

DEBORAH COSTA
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Pelo menos 10,5 mil consumidores das 19 cidades da área de concessão da Bandeirante Energia no Vale do Paraíba e no litoral norte não receberam a carta que informa sobre a meta de consumo de energia elétrica que vai vigorar durante o racionamento.
O prazo dado pela Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica para a distribuição terminou anteontem. No total, a Bandeirante emitiu 540 mil cartas.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) baixou ontem uma resolução que prevê a realização de auditorias para verificar se as concessionárias cumpriram o prazo de entrega das metas.
A auditoria, feita por amostragem, vai avaliar também a extensão e os motivos do atraso.
A resolução prevê notificações e multas de até 2% da receita líquida das empresas. A da Bandeirante foi de R$ 2,356 bilhões em 2000. Na hipótese de a empresa receber a maior punição, a multa pode chegar a R$ 47 milhões.
A Bandeirante informou que suspendeu a entrega após receber uma liminar concedida pelo juiz-substituto da 6ª Vara de Justiça Federal, Alexandre Cassetari.
A liminar afirma que as concessionárias, entre elas a Bandeirante, devem suspender a entrega de cartas que ameacem o consumidor de suspensão da energia, caso eles não cumpram a meta.
Segundo a Justiça Federal, a decisão só vale para municípios da Grande São Paulo.
De acordo com o gerente-executivo da área comercial da empresa, Rene Mina Vernice, a Bandeirante, na dúvida, acatou.
Ontem, dezenas de pessoas procuraram a central de atendimento da Bandeirante para reclamar que não haviam recebido a carta.
De 11 pessoas ouvidas pela Folha ontem de manhã que reclamavam do atraso, dez eram da região sul de São José. Os consumidores diziam que toda a vizinhança não havia recebido a carta.
A aposentada Wanda de Almeida Carvalho Porto, 64, disse que ela mesma estava fazendo as contas para descobrir a sua cota.
Ela mora no Jardim Apolo, região central. "Ninguém da minha rua recebeu a carta", disse.
O aposentado José Francisco Fraga, 77, mora no Jardim Satélite e também disse que ninguém da rua recebeu a carta. "Estou tentando entender a meta."
Segundo a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, o consumidor que não cumprir a meta estabelecida pelo governo federal estará sujeito a multas e cortes da energia.

Contradições
A empresa DTS Tecnologia e Serviços, responsável pela distribuição das cartas, havia informado anteontem à Folha que faltavam apenas 200 correspondências da área da Bandeirante.
Ontem, o gerente operacional da DTS, João Sahium Raisa, disse que as cartas não entregues são de pessoas que mudaram de residência ou viajaram e de endereços não encontrados.


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