São José dos Campos, Terça-feira, 17 de Julho de 2001

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NO ESCURO
Empresa dá férias coletivas para 3.000 funcionários alegando queda nas vendas provocada pelo racionamento
Crise de energia faz Philips demitir 260

Claudio Capucho/Folha Imagem
Funcionários do segundo turno da LG.Philips de São José dos Campos entram na fábrica após a assembléia que decidiu pelo estado de greve, no final da tarde de ontem


KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

A LG.Philips anunciou ontem a demissão de 260 funcionários da fábrica de São José dos Campos e férias coletivas para cerca de 3.000 operários devido à queda na venda de componentes para televisores provocada pelo racionamento de energia elétrica.
Agora, chega a 346 o número de trabalhadores da indústria demitidos no Vale do Paraíba desde o início do racionamento.
A LG.Philips abriu um programa de demissão voluntária. Caso a adesão não chegue a 260, as demissões serão compulsórias, segundo o sindicato da categoria.
As medidas foram anunciadas cerca de um mês após a divulgação da fusão entre a LG e a Philips.
Na semana passada, a empresa concedeu férias coletivas para 960 dos 1.200 trabalhadores da fábrica de Taubaté, que produz tubos de imagem para televisores.
A partir do dia 23, vão entrar em férias coletivas, além dos trabalhadores de Taubaté, os 2.300 funcionários da fábrica de São José dos Campos.
Também já demitiram a Aços Villares, de Pindamonhangaba, que cortou 50 vagas, e a Panasonic, de São José, que afastou 36, segundo o sindicato da categoria.
Outras empresas do Vale do Paraíba reduziram a produção por causa da crise de energia elétrica.
A fábrica da Volkswagen, em Taubaté, que emprega 6.500 trabalhadores, cancelou a produção de três sábados nos meses de junho e julho, deixando de montar 2.250 veículos.
A Kodak, que emprega 1.850 operários, extinguiu um dia de trabalho na semana, suspendendo a produção aos domingos.
Já a Alcan, de Pindamonhangaba, que tem 770 operários, ainda estuda a suspensão do terceiro turno da produção, com o remanejamento de empregados para os turnos da manhã e da tarde.
A Solectron, que emprega 1.680 trabalhadores, suspendeu o terceiro turno de produção e remanejou os funcionários para outros períodos. Além disso, a empresa estuda a antecipação das férias de parte dos trabalhadores.
O quadro já preocupa o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que teme o "efeito dominó" na região.
A entidade vai pedir o apoio da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para organizar uma greve e pressionar o governo federal, o Estado e as empresas a manter o nível de empregos.
A medida vai ser adotada porque a campanha pela estabilidade do emprego nas indústrias do Vale do Paraíba, iniciada neste mês, conseguiu fechar acordos apenas em pequenas empresas, para a manutenção de cerca de mil postos de trabalho até agosto.
O presidente do sindicato, Luiz Carlos Prates, disse ontem, durante assembléia com cerca de 400 funcionários do segundo turno da LG.Philips, que a decretação de um estado de greve agora "significa a garantia de emprego não somente para os trabalhadores da LG.Philips, mas para toda a categoria no Vale do Paraíba".
Em assembléia, cerca de 450 funcionários do segundo turno da LG.Philips aprovaram estado de greve, que ainda vai ser votado pelos outros turnos.
O risco de demissões também já provocou a decretação de estado de greve pelos 1.400 metalúrgicos da Ericsson de São José.
Outra questão que está sendo acompanhada com atenção pelo sindicato são as férias coletivas.
Segundo Prates, as férias podem se transformar em futuras demissões.


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