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Garoto diz que havia procurado a polícia
da Folha Vale
Em depoimento à Folha, o adolescente J.G., 17, disse que já havia
tentado prestar queixa na Polícia
Civil de São José na terça-feira sobre o caso de espancamento, mas
não foi recebido.
Ontem à tarde, o adolescente dizia estar revoltado com a falta de
atenção dos policiais e começou a
ofender o delegado Jair Barbosa
Ortiz, que chegava ao Cedeca para tomar o seu depoimento.
Ortiz disse ontem desconhecer
o fato descrito pelo adolescente.
"Falaram para eu ir procurar
outro lugar para reclamar", disse
o adolescente.
J.G. também forneceu detalhes
de como teriam ocorrido as
agressões. ""Eu e o M. estávamos
dormindo. Eles já chegaram chutando a gente", disse.
J.G. contou ainda que os agressores acenderam cigarros para
torturá-lo.
O garoto estava ontem com sinais de queimaduras nas mãos,
nos braços e sob a língua.
"Eles enfiaram um cigarro aceso quase inteiro no meu nariz. Parecia que ia sair pela testa. A gente
falava para eles pararem, mas não
adiantava nada", disse.
Segundo o adolescente, após as
agressões, os policiais afirmaram
que ele e M. deveriam ir embora
ou os PMs poderiam "sumir"
com os dois. J.G., apesar de dizer
estar sendo ameaçado de morte,
não pretende deixar as ruas.
"Eu quis assim. É a minha escolha", disse o garoto, que tem cerca
de 1,60 metro e aparência fragilizada pelo uso de crack.
A mãe do garoto, que pediu para não ter o nome revelado, acompanhou o depoimento de J.G. ao
delegado Ortiz, ontem à tarde.
Além de J.G., ela tem mais três
filhos menores de idade, que não
usariam drogas. "Eu não entendo. Meu filho chegou em casa machucado terça-feira, tomou banho, saiu e dormiu na rua de novo", disse.
Segundo a mãe, não há motivo
aparente para a opção do filho pela vida nas ruas.
"Ele não é rejeitado, tem as coisas que a gente pode dar. Não temos luxo em casa, mas não falta
nada", disse.
O Cedeca e o Conselho Tutelar
de São José dos Campos estão
tentando conseguir tratamento
médico contra a dependência
química para o garoto.
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