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RETRATO DE UMA ÉPOCA 2
Levantamento feito pelo Seade reproduz a "árvore genealógica" das 645 cidades paulistas
Municípios pioneiros perdem espaço
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DA REDAÇÃO, EM SÃO PAULO
Os municípios pioneiros no Vale do Paraíba e litoral norte perderam gradativamente a sua importância política e econômica na região ao longo do século 20 para cidades surgidas posteriormente.
Essa é uma das constatações de
um levantamento incluído no
CD-ROM "500 Anos de Divisão
Territorial e 100 Anos de Estatísticas Demográficas Municipais",
do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Um dos objetivos do estudo foi
traçar uma espécie de "árvore genealógica" dos 645 municípios
paulistas a partir das primeiras cidades surgidas no Estado.
Segundo o Seade, os primeiros
municípios paulistas, que deram
origem à atual divisão político-administrativa do Estado, foram
São Vicente (1532), Ubatuba
(1537), São Paulo (1558), Cananéia (1600), Mogi das Cruzes
(1611), Iguape (1638), Taubaté
(1645), Guaratinguetá (1654), Jundiaí (1655) e Sorocaba (1661).
As três cidades pioneiras da região -Ubatuba, Guaratinguetá e
Taubaté-, apesar de ainda estarem entre as principais do Vale do
Paraíba e litoral norte, foram ultrapassadas por municípios vizinhos ou próximos em termos de
importância política e econômica
e de crescimento populacional.
Para o Seade, a primeira cidade
a surgir na região, Ubatuba, não
conseguiu se tornar um pólo irradiador para a formação de outros
municípios, o que a impediu de se
consolidar como centro regional.
Os outros municípios do litoral
norte -São Sebastião, Ilhabela e
Caraguatatuba- são originários
de uma série de desmembramentos iniciada a partir da primeira
cidade do Estado -São Vicente-, que deu origem a Santos
(1545) e a Itanhaém (1561).
Se Itanhaém originou a criação
das cidades do litoral sul (Cubatão, Guarujá e Peruíbe, entre outras), a partir de Santos se iniciou
uma sucessão de desmembramentos que culminou na criação
de São Sebastião (1636), Ilhabela
(1805) e Caraguatatuba (1857).
Hoje, Ubatuba, com 66,4 mil
moradores, perde em número de
habitantes para Caraguá (78,8
mil), principal centro da região, e
tem um crescimento populacional menor que o de São Sebastião.
Segundo o IBGE (Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), de 96 para 2000, a população de São Sebastião cresceu
36,19% (hoje tem 57,8 mil habitantes), enquanto o crescimento
em Ubatuba foi de 20,74%.
Já Guará, que foi a maior cidade
da região, é hoje apenas a quinta
em termos de população (104 mil
habitantes) e vem perdendo espaço para municípios mais novos,
como Pindamonhangaba, hoje o
quarto do Vale em população.
Taubaté, que também foi a
maior cidade da região e uma das
mais influentes do país até a primeira metade do século, tem hoje
menos da metade da população
de São José dos Campos (220,2
mil habitantes contra 538,9 mil).
Desmembramentos
Segundo o IBGE, Guaratinguetá
apresentou, entre a contagem populacional de 96 e o Censo de
2000, crescimento populacional
de 5,85%, índice menor que os de
Taubaté (10,84%), São José
(10,84%) e Jacareí (14,07%).
São José e Jacareí, segundo o
Seade, foram formados a partir de
uma sucessão de desmembramentos iniciada fora do Vale do
Paraíba, em Mogi das Cruzes.
A partir de Mogi, cidade criada
em 1611, foram surgindo os municípios de Jacareí, São José e Paraibuna, entre outros.
Metodologia
Segundo o Seade, no levantamento optou-se por adotar a data
da lei de criação de cada município e não a de sua instalação. O
histórico da formação dos municípios é resultado de um trabalho
de levantamento das fichas herdadas do antigo Departamento de
Estatística do Estado.
Nesse histórico, aparecem os
decretos e as leis que determinaram a formação de cada município, assim como sua área de origem e seus desmembramentos.
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