São José dos Campos, Domingo, 26 de Agosto de 2001

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RETRATO DE UMA ÉPOCA 2

Levantamento feito pelo Seade reproduz a "árvore genealógica" das 645 cidades paulistas

Municípios pioneiros perdem espaço

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DA REDAÇÃO, EM SÃO PAULO

Os municípios pioneiros no Vale do Paraíba e litoral norte perderam gradativamente a sua importância política e econômica na região ao longo do século 20 para cidades surgidas posteriormente.
Essa é uma das constatações de um levantamento incluído no CD-ROM "500 Anos de Divisão Territorial e 100 Anos de Estatísticas Demográficas Municipais", do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Um dos objetivos do estudo foi traçar uma espécie de "árvore genealógica" dos 645 municípios paulistas a partir das primeiras cidades surgidas no Estado.
Segundo o Seade, os primeiros municípios paulistas, que deram origem à atual divisão político-administrativa do Estado, foram São Vicente (1532), Ubatuba (1537), São Paulo (1558), Cananéia (1600), Mogi das Cruzes (1611), Iguape (1638), Taubaté (1645), Guaratinguetá (1654), Jundiaí (1655) e Sorocaba (1661).
As três cidades pioneiras da região -Ubatuba, Guaratinguetá e Taubaté-, apesar de ainda estarem entre as principais do Vale do Paraíba e litoral norte, foram ultrapassadas por municípios vizinhos ou próximos em termos de importância política e econômica e de crescimento populacional.
Para o Seade, a primeira cidade a surgir na região, Ubatuba, não conseguiu se tornar um pólo irradiador para a formação de outros municípios, o que a impediu de se consolidar como centro regional.
Os outros municípios do litoral norte -São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba- são originários de uma série de desmembramentos iniciada a partir da primeira cidade do Estado -São Vicente-, que deu origem a Santos (1545) e a Itanhaém (1561).
Se Itanhaém originou a criação das cidades do litoral sul (Cubatão, Guarujá e Peruíbe, entre outras), a partir de Santos se iniciou uma sucessão de desmembramentos que culminou na criação de São Sebastião (1636), Ilhabela (1805) e Caraguatatuba (1857).
Hoje, Ubatuba, com 66,4 mil moradores, perde em número de habitantes para Caraguá (78,8 mil), principal centro da região, e tem um crescimento populacional menor que o de São Sebastião.
Segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 96 para 2000, a população de São Sebastião cresceu 36,19% (hoje tem 57,8 mil habitantes), enquanto o crescimento em Ubatuba foi de 20,74%.
Já Guará, que foi a maior cidade da região, é hoje apenas a quinta em termos de população (104 mil habitantes) e vem perdendo espaço para municípios mais novos, como Pindamonhangaba, hoje o quarto do Vale em população.
Taubaté, que também foi a maior cidade da região e uma das mais influentes do país até a primeira metade do século, tem hoje menos da metade da população de São José dos Campos (220,2 mil habitantes contra 538,9 mil).

Desmembramentos
Segundo o IBGE, Guaratinguetá apresentou, entre a contagem populacional de 96 e o Censo de 2000, crescimento populacional de 5,85%, índice menor que os de Taubaté (10,84%), São José (10,84%) e Jacareí (14,07%).
São José e Jacareí, segundo o Seade, foram formados a partir de uma sucessão de desmembramentos iniciada fora do Vale do Paraíba, em Mogi das Cruzes.
A partir de Mogi, cidade criada em 1611, foram surgindo os municípios de Jacareí, São José e Paraibuna, entre outros.

Metodologia
Segundo o Seade, no levantamento optou-se por adotar a data da lei de criação de cada município e não a de sua instalação. O histórico da formação dos municípios é resultado de um trabalho de levantamento das fichas herdadas do antigo Departamento de Estatística do Estado.
Nesse histórico, aparecem os decretos e as leis que determinaram a formação de cada município, assim como sua área de origem e seus desmembramentos.


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