São José dos Campos, Domingo, 26 de Agosto de 2001

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Casamentos em Jacareí caem pela metade em 20 anos

DA FOLHA VALE

O índice de casamentos em Jacareí, proporcional ao número de habitantes na cidade, caiu quase pela metade desde da década de 80, segundo dados do Seade.
A diferença de percentual é a maior registrada entre as principais cidades do Vale do Paraíba, como São José dos Campos, Taubaté e Pindamonhangaba.
Em 2000, a taxa de nupcialidade em Jacareí, que representa a proporção entre o número de casamentos e o número de habitantes do município, foi de 4,93.
Foram registrados 942 casamentos durante o ano passado para uma população de aproximadamente 191 mil pessoas.
Em 80, a taxa de nupcialidade registrada em Jacareí foi maior e chegou a 8,31.
O índice foi correspondente a 956 casamentos para cerca de 115 mil habitantes.
São José apresentou a menor diferença na taxa de nupcialidade. O percentual foi de 7,98 em 1980, contra 5,75 em 2000.
Em Pinda e Taubaté, os resultados foram mais balanceados e se mantiveram, apresentando variações de oito e nove pontos em 1980, passando para uma média de cinco pontos no ano passado.
A taxa em Jacareí é ainda mais discrepante se comparada com o percentual observado há cem anos.
O percentual de 4,93, registrado em 2000, é praticamente o mesmo que foi observado no início do século, de 4,31.
A comparação tem validade somente em relação à proporcionalidade dos índices, uma vez que foram 942 casamentos em 2000 para uma população de 191 mil pessoas, contra 66 registros em 1900 para 15,3 mil habitantes.
O Cartório de Registro Civil informou que a queda na união entre homens e mulheres pode estar sendo provocada pela crise econômica e o menor poder aquisitivo dos moradores no período.
A representante do cartório, que não quis se identificar, disse que é cobrada uma taxa de cerca de R$ 140 para oficializar as uniões no processo civil.
Para os noivos que desejam concretizar o casamento também no processo religioso, a Folha apurou que as despesas podem chegar até a R$ 1.000.
A representante disse que essa é uma das razões que afastam os casais da oficialização da união.
Segundo ela, os reflexos das crises econômicas na diminuição de casamentos podem ser notados pelo número de registros a partir de março e seu crescimento nos meses de maio e dezembro.
Em maio, a justificativa é dada pelo período que é considerado tradicionalmente como o "mês das noivas". Em dezembro, pela proximidade do 13º salário.

Uniões duradouras
Para o padre Rinaldo Roberto Rezende, da Pastoral Familiar, a queda no número de casamentos na cidade está sendo provocada porque as pessoas estão evitando relacionamentos "duradouros".
Segundo ele, os casais não querem assumir compromissos e têm adotado o "ficar".
"As pessoas "ficam" sem compromisso. Usam enquanto é necessário e depois, quando não se interessam mais, separam-se", disse.


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