Carros de R$ 5.000 tentam vingar na Índia

O insucesso comercial do Tata Nano não desanimou a Bajaj, que repetiu a tática e apresentou na Índia o diminuto RE60. O veículo custará menos que os US$ 2.800 (R$ 4.980) pedidos pelo rival.

O preço chama a atenção, assim como a simplicidade do projeto. O motor, por exemplo, oferece apenas 20 cv, potência inferior ao de um compacto da década de 1940.

A cabine do Bajaj é simplória. Não há encostos de cabeça nos bancos, item importante para a proteção dos ocupantes em caso de acidente. O cabo de aço que liga o pedal de embreagem ao câmbio manual fica exposto.

"O RE60 é uma evolução dos riquixás motorizados de três rodas [tuk-tuks]", definiu Rajiv Bajaj, diretor da empresa, ao apresentar o veículo em Nova Déli, no início do mês.

Discurso parecido com o que a Tata fez ao lançar o Nano, em 2009. Contudo, problemas na produção, panes elétricas e incêndios afugentaram os clientes. Em dezembro, foram vendidas 7,4 mil unidades, cerca de três vezes menos que a expectativa inicial.

QUESTÃO DE ESPAÇO

Outra que promete entrar no segmento dos microcarros é a Renault-Nissan. "Mas esse tipo de automóvel não daria certo no Brasil", disse à Folha o vice-presidente do grupo, Colin Dodge. Para o executivo, o brasileiro geralmente só tem um carro em casa e precisa de espaço e potência para viajar com a família. A Suzuki, fabricante de ultracompactos no Japão, compartilha da mesma opinião; e a Honda desistiu de iniciar a produção do pequeno Brio em Sumaré (SP).

Na Índia, onde famílias inteiras trafegam sobre uma única moto e há mais de 100 mil mortes no trânsito por ano, talvez os microcarros sejam uma alternativa mais segura.