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Etiqueta sobre rodas

Que tal aproveitar o caos da volta às aulas para avaliar seu grau de educação no trânsito?

FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO

As férias escolares acabaram, alerta o telão de monitoramento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). É quase meio-dia e São Paulo já soma 73 km de congestionamento, índice acima da média para uma terça-feira.

Na porta de um colégio particular da zona norte, carros estacionados em fila dupla deixam apenas uma pista livre. Motoristas irritados aceleram, xingam, buzinam. Mal se ouve o sinal da escola.

No sentido oposto, um motoqueiro fura o semáforo e quase atropela uma mulher na faixa de pedestre. "As pessoas estão cada vez mais mal-educadas no trânsito", diz a especialista em etiqueta Gloria Kalil. "A maioria ignora o bem comum e, principalmente, as leis. Até gente educada parece adquirir outra personalidade ao volante."

DEDO NO NARIZ

O malcriado sobre rodas tem mais chances de provocar acidentes, segundo o National Highway Traffic Safety Administration (órgão norte-americano de segurança do trânsito). Em 11,4% das batidas com mortes nos Estados Unidos entre 2003 e 2007, o causador do acidente admitiu ter agido com egoísmo. O principal motivo estava ligado ao excesso de velocidade (30,7%).

Para a diretora do departamento de psicologia da Abramet (associação de medicina do tráfego), Raquel Almqvist, isso ocorre porque o trânsito, ao mesmo tempo, é uma fonte e uma válvula de escape para o estresse. "Pior quando o motorista acredita que prejudicando o outro ele se sentirá mais aliviado."

Outra observação da psicóloga é que o condutor, em geral, tende a se sentir anônimo e autoconfiante dentro do carro. Por isso não se acanha em "fechar" um outro na estrada nem disfarça quando cutuca o nariz.

Taxista há 34 anos em São Paulo, Ademir Simão conta que certa vez um motorista fez uma manobra tão absurda na sua frente que ele precisou jogar o carro na calçada para não bater. Mas ele próprio confessa atrapalhar o fluxo em ruas movimentadas para desembarcar "clientes apressados".

Segundo André Horta, analista do Cesvi (centro de segurança viária), o transgressor costuma ter noção da infração, mas acredita ter agido de forma certa naquele contexto. "Exemplo é o motociclista que se volta contra os motoristas por achar que a preferência no trânsito é sempre sua e que os carros ocupam muito espaço na via para transportar só uma pessoa, em média."

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