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Falta de lei específica inviabiliza elétricos
Folha avalia o primeiro modelo mundial produzido em série, o I-MiEV, que deve chegar ao Brasil em 2013
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje, os únicos carros elétricos vendidos no país são os de
brinquedo. Mas um projeto de
lei do senador Flávio Arns
(PSDB) propõe isenção fiscal
para estimular o comércio de
veículos de passeio movidos a
eletricidade, que não poluem.
No governo, porém, há quem
defenda a tese de que o álcool é
suficiente, por ser uma matriz
energética relativamente limpa
e que dispensa investimento.
A vinda dos elétricos exigiria,
por exemplo, uma rede de abastecimento específica, já que
eles são recarregados em tomadas. A seu favor pesam a não
emissão de gases tóxicos e o
baixo custo: R$ 0,03 de eletricidade por quilômetro rodado,
sete vezes menos do que se
abastecido com álcool.
"O problema dos carros exclusivamente elétricos é seu
custo tecnológico. Se o governo
não der incentivos, eles continuarão inviáveis", afirma Reinaldo Muratori, chefe de engenharia da Mitsubishi.
A marca, que estuda importar o compacto i-MiEV a partir
de 2013, diz que renúncias fiscais poderiam reduzir o preço
do modelo para R$ 100 mil.
Ainda é muito para um carro
de quatro lugares e acabamento despojado que nasceu, na
verdade, para substituir o pequeno forfor na Europa.
A ruptura entre smart e Mitsubishi mudou o destino do
projeto, que passou para as
mãos da montadora japonesa.
Único risco
Em relação aos elétricos de
brinquedo, o i-MiEV só muda
de tamanho. E a maior diversão
ao guiá-lo é saber que não está
agredindo o planeta -nem escapamento o carro tem.
Avaliado pela Folha, o
i-MiEV mostrou-se ágil em arrancadas e despistou o Palio 1.0
Flex que tentava alcançá-lo.
"Torque elevado é característica dos elétricos", diz Carlos
Henrique Ferreira, assessor
técnico da Fiat. A marca desenvolve protótipos elétricos nacionais para a usina de Itaipu.
O único risco que o i-MiEV
representa para o trânsito é o
fato de não fazer barulho. Nem
pedestres nem o motorista
percebem o motor ligado.
Depois de dar a partida, o
único sinal de vida é uma luz
verde no painel. Outro mostrador informa a autonomia das
baterias (de cerca de 160 km).
Recarregá-las pode levar até 14
horas em tomada de 110 volts.
No mês passado, a Nissan e a
Prefeitura de São Paulo assinaram um memorando de intenções sobre veículos elétricos.
Questões como infraestrutura,
tributação e divulgação da tecnologia estão na pauta.
"Em 2020, estima-se que
10% dos carros novos sejam
elétricos", diz Tai Kawasaki, vice-presidente da Nissan, marca
que planeja trazer seu hatch
Leaf ao preço do Honda Civic
(entre R$ 65 mil e R$ 100 mil).
(FELIPE NÓBREGA)
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