São Paulo, domingo, 02 de maio de 2010

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Falta de lei específica inviabiliza elétricos

Folha avalia o primeiro modelo mundial produzido em série, o I-MiEV, que deve chegar ao Brasil em 2013

DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje, os únicos carros elétricos vendidos no país são os de brinquedo. Mas um projeto de lei do senador Flávio Arns (PSDB) propõe isenção fiscal para estimular o comércio de veículos de passeio movidos a eletricidade, que não poluem.
No governo, porém, há quem defenda a tese de que o álcool é suficiente, por ser uma matriz energética relativamente limpa e que dispensa investimento.
A vinda dos elétricos exigiria, por exemplo, uma rede de abastecimento específica, já que eles são recarregados em tomadas. A seu favor pesam a não emissão de gases tóxicos e o baixo custo: R$ 0,03 de eletricidade por quilômetro rodado, sete vezes menos do que se abastecido com álcool.
"O problema dos carros exclusivamente elétricos é seu custo tecnológico. Se o governo não der incentivos, eles continuarão inviáveis", afirma Reinaldo Muratori, chefe de engenharia da Mitsubishi.
A marca, que estuda importar o compacto i-MiEV a partir de 2013, diz que renúncias fiscais poderiam reduzir o preço do modelo para R$ 100 mil.
Ainda é muito para um carro de quatro lugares e acabamento despojado que nasceu, na verdade, para substituir o pequeno forfor na Europa.
A ruptura entre smart e Mitsubishi mudou o destino do projeto, que passou para as mãos da montadora japonesa.

Único risco
Em relação aos elétricos de brinquedo, o i-MiEV só muda de tamanho. E a maior diversão ao guiá-lo é saber que não está agredindo o planeta -nem escapamento o carro tem.
Avaliado pela Folha, o i-MiEV mostrou-se ágil em arrancadas e despistou o Palio 1.0 Flex que tentava alcançá-lo.
"Torque elevado é característica dos elétricos", diz Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat. A marca desenvolve protótipos elétricos nacionais para a usina de Itaipu.
O único risco que o i-MiEV representa para o trânsito é o fato de não fazer barulho. Nem pedestres nem o motorista percebem o motor ligado.
Depois de dar a partida, o único sinal de vida é uma luz verde no painel. Outro mostrador informa a autonomia das baterias (de cerca de 160 km). Recarregá-las pode levar até 14 horas em tomada de 110 volts.
No mês passado, a Nissan e a Prefeitura de São Paulo assinaram um memorando de intenções sobre veículos elétricos. Questões como infraestrutura, tributação e divulgação da tecnologia estão na pauta.
"Em 2020, estima-se que 10% dos carros novos sejam elétricos", diz Tai Kawasaki, vice-presidente da Nissan, marca que planeja trazer seu hatch Leaf ao preço do Honda Civic (entre R$ 65 mil e R$ 100 mil).
(FELIPE NÓBREGA)


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