São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007

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Brasileiríssimos

Capacidade de produzir com pouco dinheiro faz país trocar papel de importador de design pelo de criador de carros

Marcelo Justo/Folha Imagem
A frente do Sandero foi inspirada na do Clio europeu; motor 1.6 16V eleva preço para R$ 43.790


JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Os nacionalistas de plantão nunca estiveram tão eufóricos. Se o Brasil sempre importou o design dos carros feitos aqui, agora já exporta sua criação. Mas a principal razão é negativa: é mais barato criar aqui.
Para Gerson Barone, gerente de design da Volkswagen, uma hora ou outra isso ia acontecer. "A criação no Brasil é vasta, própria do ambiente onde vivemos: contraste social, sangue quente, sol 300 dias por ano."
João Marcos Ramos, chefe de design para a América do Sul da Ford, completa: "O brasileiro é muito adaptativo, tem jogo de cintura para trabalhar com menos recursos".
Toda essa mistura resultou em carros como o Ford EcoSport, sucesso em toda a América Latina, e o Volkswagen Fox, exportado para a Europa. Mas não são só as empresas tradicionais que se beneficiam: o Sandero, que chega em 15 dias, é o primeiro carro que a Renault cria fora da Europa.
Ele foi criado para ser, no Brasil, o que é o novo Clio na Europa -até suas linhas dianteiras são parecidas. Já é feito no Paraná e tem 2009 como meta para nascer também na África do Sul. Será vendido na França como Dacia, a criadora do Logan, do qual deriva.
A aposta não acaba com o novo hatchback. A Renault pretende inaugurar, no começo do próximo ano, um centro de design em São Paulo, assim como acaba de abrir um na região central de Paris.
Aliás, estar nas grandes cidades -e nisso São Paulo perde para poucas concorrentes- é fundamental. "Não adianta ficar na praia, só vai sair jangada. É preciso pegar trânsito para ver se o ar-condicionado funciona", exemplifica Barone.

Detalhes
O exterior dos automóveis independe de onde eles foram criados. De um modo geral, eles, hoje, eles são criados para serem vendidos no mundo todo. O que difere são os detalhes, interna e externamente.
A Fiat, que inaugurou seu centro de estilo em 2002 em Betim (MG), adaptou a Idea e o Punto antes de serem lançados aqui. O painel de instrumentos da minivan foi deslocado do centro do console para a frente do motorista, e o hatchback ganhou uma grade "sofisticada".
"O brasileiro paga caro por um carro, então não aceita aspectos simples", observa Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat, que lembra outra grande diferença: aqui, cores fortes não têm chance, nem dentro nem fora do veículo.


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