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peças & acessórios
Em busca de preço baixo, consumidor compra peças falsas
Golpe mais comum é peça falsa ou
remanufaturada estar em caixa
original; 10% das vendas são
piratas
LUCIENE ANTUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Numa das tentativas de melhorar o consumo e acabar com
falhas em médias e altas rotações de seu Fiat Tipo, o motoboy Luciano Felizberto, 32,
comprovou a velha máxima de
que o barato sai caro. Orientado pelo mecânico a comprar jogo de velas e cabos, acabou adquirindo peças falsificadas.
Sem conferir o conteúdo das
caixas, que exibiam as logomarcas da Bosch e da NGK, Felizberto gastou R$ 56. E foi vítima
de uma das modalidades de pirataria mais praticadas: peças
recondicionadas maquiadas e
embaladas como novas.
Aplicar marcas conhecidas
em peças de qualidade inferior
-em geral, vindas da China, da
Coréia do Sul, de Taiwan, da Indonésia e do Vietnã- é outro
golpe comum. Um estudo do
Grupo de Manutenção Automotiva, que reúne fabricantes,
oficinas, distribuidores e varejistas, estima que o setor de reposição movimente R$ 43,4
milhões por ano. Cerca de 10%
é perdido devido à pirataria.
Ela envolve uma cadeia em
que quase ninguém é inocente.
"O consumidor é o primeiro a
procurar preço baixo. Os produtos piratas são sempre prejudiciais, só que, muitas vezes,
não estamos falando de um CD,
mas de itens que colocam a vida
em risco, como remédios e autopeças", diz Carlos Coscarelli,
chefe-de-gabinete do Procon-SP (Fundação de Proteção e
Defesa do Consumidor).
Grandes descontos são o
maior indício de falsificação.
Mas nem sempre quem paga
mais barato é o consumidor,
que, em geral, desconhece os
detalhes técnicos. "É muito difícil identificar a peça fajuta. No
caso de rolamentos, a única diferença visível é a logomarca",
diz Airton José do Prado, conselheiro do Sindirepa (sindicato das reparadoras).
Oficinas não idôneas, em
parceria com redes distribuidoras duvidosas, também costumam ser protagonistas desse
crime. Sem verificar a qualidade e a procedência das peças,
quem solicita o reparo nem sabe que financia a pirataria.
Por isso uma das primeiras
recomendações é a escolha de
oficinas confiáveis e a compra
somente em estabelecimentos
de referência, com nota fiscal.
Quando se vai pessoalmente
à loja, observar alguns detalhes
também afasta o risco de golpe.
No caso dos catalisadores, a falsificação é escandalosa: pode-se comprar uma cápsula oca ou
com palha de aço. Se não atrapalham o funcionamento do
veículo, tampouco reduzem a
emissão de poluentes.
"Um cuidado importante é
comparar o item com uma peça
sabidamente original", recomenda Paulo Losano, diretor
da Associação de Engenharia
Automotiva. O interior do catalisador original tem uma "colméia" de cerâmica com metais
preciosos (platina, ródio). Eles
reagem com os gases da queima
do combustível, resultando em
substâncias inofensivas.
"É um equipamento sofisticado, não custa menos de
R$ 200", explica Carlos Eduardo Moreira, gerente de marketing da Umicore, principal fabricante de catalisadores. Rodar sem a peça ou com uma falsa pode elevar o consumo de
combustível em até 15%.
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