São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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peças & acessórios
Em busca de preço baixo, consumidor compra peças falsas

Golpe mais comum é peça falsa ou remanufaturada estar em caixa original; 10% das vendas são piratas

LUCIENE ANTUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Numa das tentativas de melhorar o consumo e acabar com falhas em médias e altas rotações de seu Fiat Tipo, o motoboy Luciano Felizberto, 32, comprovou a velha máxima de que o barato sai caro. Orientado pelo mecânico a comprar jogo de velas e cabos, acabou adquirindo peças falsificadas.
Sem conferir o conteúdo das caixas, que exibiam as logomarcas da Bosch e da NGK, Felizberto gastou R$ 56. E foi vítima de uma das modalidades de pirataria mais praticadas: peças recondicionadas maquiadas e embaladas como novas.
Aplicar marcas conhecidas em peças de qualidade inferior -em geral, vindas da China, da Coréia do Sul, de Taiwan, da Indonésia e do Vietnã- é outro golpe comum. Um estudo do Grupo de Manutenção Automotiva, que reúne fabricantes, oficinas, distribuidores e varejistas, estima que o setor de reposição movimente R$ 43,4 milhões por ano. Cerca de 10% é perdido devido à pirataria.
Ela envolve uma cadeia em que quase ninguém é inocente. "O consumidor é o primeiro a procurar preço baixo. Os produtos piratas são sempre prejudiciais, só que, muitas vezes, não estamos falando de um CD, mas de itens que colocam a vida em risco, como remédios e autopeças", diz Carlos Coscarelli, chefe-de-gabinete do Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
Grandes descontos são o maior indício de falsificação. Mas nem sempre quem paga mais barato é o consumidor, que, em geral, desconhece os detalhes técnicos. "É muito difícil identificar a peça fajuta. No caso de rolamentos, a única diferença visível é a logomarca", diz Airton José do Prado, conselheiro do Sindirepa (sindicato das reparadoras).
Oficinas não idôneas, em parceria com redes distribuidoras duvidosas, também costumam ser protagonistas desse crime. Sem verificar a qualidade e a procedência das peças, quem solicita o reparo nem sabe que financia a pirataria.
Por isso uma das primeiras recomendações é a escolha de oficinas confiáveis e a compra somente em estabelecimentos de referência, com nota fiscal.
Quando se vai pessoalmente à loja, observar alguns detalhes também afasta o risco de golpe. No caso dos catalisadores, a falsificação é escandalosa: pode-se comprar uma cápsula oca ou com palha de aço. Se não atrapalham o funcionamento do veículo, tampouco reduzem a emissão de poluentes.
"Um cuidado importante é comparar o item com uma peça sabidamente original", recomenda Paulo Losano, diretor da Associação de Engenharia Automotiva. O interior do catalisador original tem uma "colméia" de cerâmica com metais preciosos (platina, ródio). Eles reagem com os gases da queima do combustível, resultando em substâncias inofensivas.
"É um equipamento sofisticado, não custa menos de R$ 200", explica Carlos Eduardo Moreira, gerente de marketing da Umicore, principal fabricante de catalisadores. Rodar sem a peça ou com uma falsa pode elevar o consumo de combustível em até 15%.


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