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Teste cego
Com logotipos escondidos, coreano Kia Cerato foi confundido até com Honda City
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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Mascarado, Cerato remodelado atrai a atenção de curiosos no Anhembi
FABIANO SEVERO
EDITOR ASSISTENTE DE VEÍCULOS
Domingo, 10h35, e o estacionamento do Anhembi (zona
norte) estava abarrotado de
carros. Tinha de tudo: novo,
muito novo, velho, muito velho.
Todos fritando naquele sol de
35C sem nenhuma nuvem.
Nem parecia última semana de
agosto, de pleno inverno.
Eis que, de repente, um carro
mascarado entra sorrateiramente pelo portão cinco. O
branco pálido da lataria refletia
mais do que Jack Nicholson em
"O Iluminado". A "luz", na verdade, veio das mãos de Peter
Schreyer (ex-Audi), designer-chefe da coreana Kia.
Isso mesmo, o carro é coreano. Mas com os logotipos tampados propositalmente pela reportagem, ele desperta curiosidade que até assusta. Será que
olham por admiração? Complacência? Inveja? Pena?
Sem preconceito, a Folha foi
descobrir o que passa pela cabeça das pessoas quando
olham um carro que nasceu bonito e cheio de estigmas.
"Nunca tive carro coreano,
mas, pelas linhas, acho que
compraria. Aliás, se ele fosse japonês, não pensaria duas vezes", opina o engenheiro Paulo
Spartano, 59, passeando pelo
Anhembi naquela manhã.
City
Ele e mais um monte de gente que queria esmiuçar aquele
Cerato com identidade mascarada à base de fita crepe.
"Só não compro esse City
porque estou construindo uma
casa", diz o vendedor Eduardo
Abreu, 32, à frente de seu Vectra 2008, à venda na Feira Livre
Auto Show por R$ 40 mil.
Espera aí: City? da Honda?
Abreu não foi o único a arregalar os olhos quando ouviu que o
carro era coreano. "Quer saber,
eu compraria. Gostei dele!"
A jornalista Maísa Montresor, 41, só faltou apostar que
aquele mascarado era o City. "É
ele [City], sim. Eu fui na Honda
ver o carro. Tem um porta-malas bem maior que o do meu
carro", afirmou a dona de um
Fit, enquanto segurava seu filho, Rick, 2, no colo e abria a
tampa do bagageiro.
Rick gostou ainda mais do
Cerato. Segurou o volante, começou a buzinar e não queria
mais largar o brinquedo.
Só atraía ainda mais a atenção de quem passava. "Mas o
pessoal tem um pé atrás com
carro chinês e coreano. Com
R$ 50 mil, você compra um automóvel japonês, que tem melhor aceitação", opina o tecnólogo Celso Pedro da Silva, 29.
Sobra até lugar para piadas.
"Esse é o carro do Timão. Lataria branca, pneu preto, lanterna vermelha...", brinca Cláudio
Luiz, 42, técnico em eletrônica.
"É a marca daquele cara que
botou dinheiro no Corinthians,
o Kia?", indaga.
É -quer dizer, não é. A marca
coreana nada tem a ver com o
empresário iraniano Kia Joorabchian. Só azar do nome. O
Cerato prova que é honesto no
teste Folha-Mauá.
A Kia cedeu o Cerato para teste
Assista ao vídeo do coreano mascarado Kia Cerato
www.folha.com.br/092472
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