São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009

Próximo Texto | Índice

Teste cego

Com logotipos escondidos, coreano Kia Cerato foi confundido até com Honda City

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Mascarado, Cerato remodelado atrai a atenção de curiosos no Anhembi

FABIANO SEVERO
EDITOR ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Domingo, 10h35, e o estacionamento do Anhembi (zona norte) estava abarrotado de carros. Tinha de tudo: novo, muito novo, velho, muito velho. Todos fritando naquele sol de 35C sem nenhuma nuvem. Nem parecia última semana de agosto, de pleno inverno.
Eis que, de repente, um carro mascarado entra sorrateiramente pelo portão cinco. O branco pálido da lataria refletia mais do que Jack Nicholson em "O Iluminado". A "luz", na verdade, veio das mãos de Peter Schreyer (ex-Audi), designer-chefe da coreana Kia.
Isso mesmo, o carro é coreano. Mas com os logotipos tampados propositalmente pela reportagem, ele desperta curiosidade que até assusta. Será que olham por admiração? Complacência? Inveja? Pena?
Sem preconceito, a Folha foi descobrir o que passa pela cabeça das pessoas quando olham um carro que nasceu bonito e cheio de estigmas.
"Nunca tive carro coreano, mas, pelas linhas, acho que compraria. Aliás, se ele fosse japonês, não pensaria duas vezes", opina o engenheiro Paulo Spartano, 59, passeando pelo Anhembi naquela manhã.

City
Ele e mais um monte de gente que queria esmiuçar aquele Cerato com identidade mascarada à base de fita crepe.
"Só não compro esse City porque estou construindo uma casa", diz o vendedor Eduardo Abreu, 32, à frente de seu Vectra 2008, à venda na Feira Livre Auto Show por R$ 40 mil.
Espera aí: City? da Honda? Abreu não foi o único a arregalar os olhos quando ouviu que o carro era coreano. "Quer saber, eu compraria. Gostei dele!"
A jornalista Maísa Montresor, 41, só faltou apostar que aquele mascarado era o City. "É ele [City], sim. Eu fui na Honda ver o carro. Tem um porta-malas bem maior que o do meu carro", afirmou a dona de um Fit, enquanto segurava seu filho, Rick, 2, no colo e abria a tampa do bagageiro.
Rick gostou ainda mais do Cerato. Segurou o volante, começou a buzinar e não queria mais largar o brinquedo.
Só atraía ainda mais a atenção de quem passava. "Mas o pessoal tem um pé atrás com carro chinês e coreano. Com R$ 50 mil, você compra um automóvel japonês, que tem melhor aceitação", opina o tecnólogo Celso Pedro da Silva, 29.
Sobra até lugar para piadas. "Esse é o carro do Timão. Lataria branca, pneu preto, lanterna vermelha...", brinca Cláudio Luiz, 42, técnico em eletrônica. "É a marca daquele cara que botou dinheiro no Corinthians, o Kia?", indaga.
É -quer dizer, não é. A marca coreana nada tem a ver com o empresário iraniano Kia Joorabchian. Só azar do nome. O Cerato prova que é honesto no teste Folha-Mauá.


A Kia cedeu o Cerato para teste

Assista ao vídeo do coreano mascarado Kia Cerato
www.folha.com.br/092472


Próximo Texto: Máscaras mostram que Cerato precisa superar preconceitos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.