São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009

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Máscaras mostram que Cerato precisa superar preconceitos

Desenho harmonioso e motor 1.6 de 126 cv são as armas do Kia contra o City

DA REDAÇÃO

No Anhembi, só os aficionados, com marca de sol na altura da gola da camisa, indagavam sobre o motor do Kia Cerato.
Primeiro não acreditavam que o carro era coreano. Depois, que o motor era 1.6. "Isso é motor de Gol", dizia um metido a sabichão. Como se a capacidade cúbica, por si só, definisse os deméritos de um motor.
O 1.6 da Kia é moderno como o 1.5 do Honda City, só não é bicombustível -a Kia prometeu o "flex" para o ano que vem. Isso é decisivo para um carro que custa a partir de R$ 50 mil (câmbio manual) e vai a R$ 58 mil, com câmbio automático de quatro marchas e trocas sequenciais na alavanca.
Ainda assim, a mesma versão do City, seu principal rival, sai por cerca de R$ 65 mil. Nem trabalhando como frotista durante o dia e como taxista à noite você pagará essa diferença do álcool entre os dois carros.
Na pista, o propulsor de 126 cv do Kia mostra valentia. Vai de 0 a 100 km/h em 12,8s, exatamente 1s mais rápido que o City encharcado de álcool.
O Cerato tem o apetite de um Toyota Corolla no alto do seu motor 1.8 e de 136 cv.
O Kia é apenas mediano no consumo. Faz até 12,6 km/l de gasolina na estrada e leva um banho do City. O Honda vai a 14,4 km/l e sem exigir tanto esforço do motor multiválvulas, que vem acoplado a um câmbio de cinco marchas e mantém os giros do motor mais baixos.

50 anos em 5
Sem dúvida, os coreanos tiveram grande avanço em tecnologia e qualidade de produto. Abandonaram a ideia de copiar o ferramental dos japoneses e passaram a desenvolver suas próprias armas. O design ainda lembra o da Honda, mas ser confundido com o City é um prêmio sem preço para o Cerato. Sem graça, sua geração anterior era rejeitada até pela Kia.
Mas nem tudo são flores. O espinho está no interior. Os plásticos são duros e ásperos, como os do Celta. O banco de tecido claro é singelo, algo parecido com o Corolla há duas gerações atrás. Por outro lado, mescla elementos refinados no console, como os acabamentos em plástico liso pintado que lembra teclas de um piano.
O resto é básico e não faltam ar-condicionado digital, trio elétrico e uma direção hidráulica com o peso ideal. Há também freios ABS, airbag duplo e entrada para iPod. Faz o dever de casa para conquistar pessoas sem preconceitos ou medos de comprar um coreano com a estigma da manutenção cara e do baixo valor de revenda.
"Se não fosse bom, a Kia não oferecia cinco anos de garantia", disse o tecnólogo Celso Pedro da Silva, 29. Isso é o que a montadora quer que as pessoas acreditem. Na prática, usam a velha estratégia da Toyota: subsidiam o custo dos anos seguintes com revisões obrigatórias caríssimas. Se não der problema, é lucro.
Além disso, o Cerato enfrenta o mesmo conflito do City: tem preço e ambição para concorrer com rivais mais potentes, como o Nissan Sentra, agora "flex", e o Ford Focus Sedan, ambos 2.0. O City está vencendo essa luta. Mas será que tem lugar para o Cerato? (FS)


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