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Máscaras mostram que Cerato precisa superar preconceitos
Desenho harmonioso e motor 1.6 de 126 cv são as armas do Kia contra o City
DA REDAÇÃO
No Anhembi, só os aficionados, com marca de sol na altura
da gola da camisa, indagavam
sobre o motor do Kia Cerato.
Primeiro não acreditavam
que o carro era coreano. Depois, que o motor era 1.6. "Isso é
motor de Gol", dizia um metido
a sabichão. Como se a capacidade cúbica, por si só, definisse os
deméritos de um motor.
O 1.6 da Kia é moderno como
o 1.5 do Honda City, só não é bicombustível -a Kia prometeu
o "flex" para o ano que vem. Isso
é decisivo para um carro que
custa a partir de R$ 50 mil
(câmbio manual) e vai a R$ 58
mil, com câmbio automático de
quatro marchas e trocas sequenciais na alavanca.
Ainda assim, a mesma versão
do City, seu principal rival, sai
por cerca de R$ 65 mil. Nem
trabalhando como frotista durante o dia e como taxista à noite você pagará essa diferença
do álcool entre os dois carros.
Na pista, o propulsor de 126
cv do Kia mostra valentia. Vai
de 0 a 100 km/h em 12,8s, exatamente 1s mais rápido que o
City encharcado de álcool.
O Cerato tem o apetite de um
Toyota Corolla no alto do seu
motor 1.8 e de 136 cv.
O Kia é apenas mediano no
consumo. Faz até 12,6 km/l de
gasolina na estrada e leva um
banho do City. O Honda vai a
14,4 km/l e sem exigir tanto esforço do motor multiválvulas,
que vem acoplado a um câmbio
de cinco marchas e mantém os
giros do motor mais baixos.
50 anos em 5
Sem dúvida, os coreanos tiveram grande avanço em tecnologia e qualidade de produto.
Abandonaram a ideia de copiar
o ferramental dos japoneses e
passaram a desenvolver suas
próprias armas. O design ainda
lembra o da Honda, mas ser
confundido com o City é um
prêmio sem preço para o Cerato. Sem graça, sua geração anterior era rejeitada até pela Kia.
Mas nem tudo são flores. O
espinho está no interior. Os
plásticos são duros e ásperos,
como os do Celta. O banco de
tecido claro é singelo, algo parecido com o Corolla há duas
gerações atrás. Por outro lado,
mescla elementos refinados no
console, como os acabamentos
em plástico liso pintado que
lembra teclas de um piano.
O resto é básico e não faltam
ar-condicionado digital, trio
elétrico e uma direção hidráulica com o peso ideal. Há também freios ABS, airbag duplo e
entrada para iPod. Faz o dever
de casa para conquistar pessoas
sem preconceitos ou medos de
comprar um coreano com a estigma da manutenção cara e do
baixo valor de revenda.
"Se não fosse bom, a Kia não
oferecia cinco anos de garantia", disse o tecnólogo Celso Pedro da Silva, 29. Isso é o que a
montadora quer que as pessoas
acreditem. Na prática, usam a
velha estratégia da Toyota: subsidiam o custo dos anos seguintes com revisões obrigatórias
caríssimas. Se não der problema, é lucro.
Além disso, o Cerato enfrenta o mesmo conflito do City:
tem preço e ambição para concorrer com rivais mais potentes, como o Nissan Sentra, agora "flex", e o Ford Focus Sedan,
ambos 2.0. O City está vencendo essa luta. Mas será que tem
lugar para o Cerato?
(FS)
INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092
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