São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

Próximo Texto | Índice

Tudo por 1s

Teste exclusivo leva a Ferrari California e a Ducati 1198 para um pega em Interlagos

Brito Jr./Folha Imagem
As duas prontas para acelerar

FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Interlagos estava vazio. Nenhum "tifosi" gritava na arquibancada. A tarde escaldante da última quinta-feira guardava um duelo inédito e exclusivo no país: Ferrari versus Ducati.
Dois ícones italianos da esportividade e do design. Sonho de consumo é lugar-comum. Ninguém, porém, poderia prever o que aconteceria nas 15 curvas dos 4.309 km do autódromo José Carlos Pace.
Daniel Serra, piloto da GT3 com uma Ferrari F430, chega de mansinho ao box 6. Nem parecia que, minutos depois, ele colocaria o capacete azul e prata para acelerar forte a California pela primeira vez.
"Não faço ideia do tempo que ela pode virar", avisa Serrinha, como é conhecido no paddock.
No box ao lado, Marcelo Camargo, instrutor do curso Alex Barros Riding School, já traja o macacão de motovelocidade. Sua única exigência: 30 libras no pneu dianteiro e 33 no traseiro da Ducati 1198, desejada por dez entre dez pilotos.
Os engenheiros do Instituto Mauá de Tecnologia já preparam a telemetria para os dois bólidos entrarem na pista.
Serra vira a chave vermelha da Ferrari amarela e o estouro do motor 4.3 V8 de 460 cv toma conta do autódromo. Não há mais olhos para a Ducati. Todos ficam hipnotizados pelo som grave que sai pelos quatro escapamentos da California. Contado, ninguém acredita...
Ela vara os primeiros metros numa sinfonia ímpar e, na troca para segunda, outro estrondo anuncia: o show vai começar.
A Ferrari desce a reta oposta trocando as marchas numa velocidade impressionante. Coisa de Fórmula 1 e dos câmbios de dupla embreagem de verdade.
A prudência -e não o juízo- recomenda que a primeira volta seja tranquila. Serra não se aguenta e já contorna as próximas curvas sob o cantarolar dos pneus traseiros 285/40 R19.
Atrás, a Ducati também aquece o composto Pirelli Diablo Supercorsa para uma segunda volta sem perdão dos freios de cerâmica (Ferrari) e das pinças Brembo (Ducati).
A 1198 chega ao "S" do Senna a 243 km/h de velocidade real -o velocímetro digital acusa mais de 260 km/h.

Peso-potência de F-1
À vera, a Ferrari não passa de 221 km/h, mas freia com mais eficiência e segurança -e tira a diferença no meio da "chicane".
Na saída da curva do Sol, a Ducati abre novamente até o Lago. E de novo a California freia tarde e faz a aproximação de curva calcada no freio ABS.
As quatro rodas também superam as duas no Laranjinha, traiçoeiro para as motos.
Na entrada do miolo, o único motor dianteiro da Ferrari faz o bólido escorregar de frente. Nada como uma cutucada no acelerador para a tração traseira botar ordem na casa.
Vem Pinheirinho, Bico de Pato e Mergulho -e a Ferrari ainda está à frente, mas seguida bem de perto pela Ducati e seu motor bicilíndrico em "L" de 170 cv. Com apenas 171 kg, dá uma relação peso-potência de F-1 da década passada.
Ferrari e Ducati fazem a curva da Junção em segunda marcha e sobem o Café a toda. É aí que a história muda de figura...


A Via Italia cedeu a Ferrari California para teste, e o grupo Izzo, a Ducati 1198

Folha Online
Assista ao pega da Ferrari e da Ducati em Interlagos
www.folha.com.br/100371


Próximo Texto: Peso extra pode ter atrapalhado a Ferrari
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.