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TUDO POR 1 S
Peso extra pode ter atrapalhado a Ferrari California
Um passageiro é suficiente para aumentar o tempo de volta em cerca de 1s; mais leve e esguia, a Ducati 1198 tem retomadas de velocidade melhores
DA REDAÇÃO
Uma única curva decidiu o
campeonato de Fórmula 1 de
2008. Essa mesma curva, a fatídica Junção, também mudou o
resultado do duelo entre a Ferrari California e a Ducati 1198
no circuito de Interlagos.
A California ainda segue à
frente quando elas começam a
subir a longa curva que leva até
a linha de chegada.
No painel, a Ferrari marca
140 km/h a quase 8.000 rpm. A
Ducati, a 12.000 rpm, já beira
os 170 km/h, e ficam lado a lado
pouco antes dos boxes.
Como num golpe de mágica,
a 1198 começa a abrir metros e
mais metros da Ferrari sem pudor nem respeito à casa de
Maranello, na Itália.
A Ducati bate a Ferrari. Por
pouco, muito pouco, revela a
telemetria minutos depois.
A California fez 1min58s250.
Exato um segundo atrás da Ducati, que marcou 1min57s240.
Para efeito de comparação, os
carros da Stock Car rodam em
cerca de 1min39s, e os da Fórmula 1, em 1min12s.
Tecnicamente, o resultado
entre a Ferrari e a Ducati poderia ser considerado um empate,
dizem os especialistas.
"Um lastro de 80 kg na Stock
Car é a diferença entre andar
em primeiro ou em último", explica Daniel Serra, piloto da
Stock Car e da GT3. Durante a
volta cronometrada, este repórter de 85 kg era passageiro.
Serra também comenta sobre os controles de tração e de
estabilidade, ajustados por um
seletor no volante chamado de
"manettino". Há três estágios:
conforto, esporte ou desligado.
O esporte, selecionado antes
da volta, permite pequenas derrapagens na curva, mas reduz a
injeção de gasolina assim que
percebe os pneus traseiros perdendo atrito com o asfalto.
Na pista, essas saídas de traseira, às vezes, ajudam a ganhar
tempo na saída de curva e, segundo o piloto da GT3, poderiam fazer a diferença também.
Já Marcelo Camargo, que pilotou a Ducati, comenta que
ajustes finos da suspensão
dianteira invertida Showa deixariam a moto mais rápida.
Caçula
"Na freada, a 1198 balança
um pouco a traseira, que fica
mais leve em função da transferência de peso para a bengala
da frente. Com a suspensão dura, frearia melhor", diz o piloto.
Na rabeta traseira, acima do
escapamento duplo, a Ducati
vem com uma entrada para mapear o software do motor "L2" e
alterar a curva de torque.
De qualquer forma, nem a
1198 nem a California são as
mais esportivas das suas estirpes. A Ducati ainda tem outros
três modelos mais nervosos: a
1198S, a 1198 R Corse e a
Desmosedici RR, uma superesportiva de 200 cv e R$ 270 mil.
A Ducati testada foi a 1198,
com 170 cv e preço reduzido em
7% -custa R$ 76,9 mil (a versão S custa R$ 13 mil a mais).
A Ferrari não faz por menos.
Tem 458 Italia, 599 GTB, 612
Scaglietti. Todas mais caras,
potentes e rápidas que ela.
Essa caçula tem outro apelo.
Nasceu sob a inspiração da 250
California, de 1957, e quer conquistar clientes que buscam,
acima de tudo, certo conforto.
Isso não falta. O cheiro forte
do couro nos bancos e no painel
não deixa dúvidas quanto ao
acabamento. Pudera: pede-se
R$ 1,3 milhão pela California
azul, amarela ou vermelha.
Pensando bem, dá até para
esquecer, por 1s, daquele bendito segundo perdido em Interlagos.
(FABIANO SEVERO)
Colaboraram FELIPE NÓBREGA e RICARDO RIBEIRO, da Reportagem Local
INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092
3s
é o tempo que a 1198 leva de 0 a 100
km/h, segundo a Ducati; a Ferrari
completa a mesma prova em 3,9s
R$ 20 mil
é o preço do jogo de pneus da Ferrari
California, que pode durar apenas
dez voltas rápidas em Interlagos,
assim como o jogo de pneus da Ducati, que custa R$ 2.000
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