São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

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TUDO POR 1 S

Peso extra pode ter atrapalhado a Ferrari California

Um passageiro é suficiente para aumentar o tempo de volta em cerca de 1s; mais leve e esguia, a Ducati 1198 tem retomadas de velocidade melhores

DA REDAÇÃO

Uma única curva decidiu o campeonato de Fórmula 1 de 2008. Essa mesma curva, a fatídica Junção, também mudou o resultado do duelo entre a Ferrari California e a Ducati 1198 no circuito de Interlagos.
A California ainda segue à frente quando elas começam a subir a longa curva que leva até a linha de chegada.
No painel, a Ferrari marca 140 km/h a quase 8.000 rpm. A Ducati, a 12.000 rpm, já beira os 170 km/h, e ficam lado a lado pouco antes dos boxes.
Como num golpe de mágica, a 1198 começa a abrir metros e mais metros da Ferrari sem pudor nem respeito à casa de Maranello, na Itália.
A Ducati bate a Ferrari. Por pouco, muito pouco, revela a telemetria minutos depois. A California fez 1min58s250.
Exato um segundo atrás da Ducati, que marcou 1min57s240.
Para efeito de comparação, os carros da Stock Car rodam em cerca de 1min39s, e os da Fórmula 1, em 1min12s.
Tecnicamente, o resultado entre a Ferrari e a Ducati poderia ser considerado um empate, dizem os especialistas.
"Um lastro de 80 kg na Stock Car é a diferença entre andar em primeiro ou em último", explica Daniel Serra, piloto da Stock Car e da GT3. Durante a volta cronometrada, este repórter de 85 kg era passageiro.
Serra também comenta sobre os controles de tração e de estabilidade, ajustados por um seletor no volante chamado de "manettino". Há três estágios: conforto, esporte ou desligado.
O esporte, selecionado antes da volta, permite pequenas derrapagens na curva, mas reduz a injeção de gasolina assim que percebe os pneus traseiros perdendo atrito com o asfalto.
Na pista, essas saídas de traseira, às vezes, ajudam a ganhar tempo na saída de curva e, segundo o piloto da GT3, poderiam fazer a diferença também. Já Marcelo Camargo, que pilotou a Ducati, comenta que ajustes finos da suspensão dianteira invertida Showa deixariam a moto mais rápida.

Caçula
"Na freada, a 1198 balança um pouco a traseira, que fica mais leve em função da transferência de peso para a bengala da frente. Com a suspensão dura, frearia melhor", diz o piloto.
Na rabeta traseira, acima do escapamento duplo, a Ducati vem com uma entrada para mapear o software do motor "L2" e alterar a curva de torque.
De qualquer forma, nem a 1198 nem a California são as mais esportivas das suas estirpes. A Ducati ainda tem outros três modelos mais nervosos: a 1198S, a 1198 R Corse e a Desmosedici RR, uma superesportiva de 200 cv e R$ 270 mil.
A Ducati testada foi a 1198, com 170 cv e preço reduzido em 7% -custa R$ 76,9 mil (a versão S custa R$ 13 mil a mais).
A Ferrari não faz por menos. Tem 458 Italia, 599 GTB, 612 Scaglietti. Todas mais caras, potentes e rápidas que ela.
Essa caçula tem outro apelo.
Nasceu sob a inspiração da 250 California, de 1957, e quer conquistar clientes que buscam, acima de tudo, certo conforto.
Isso não falta. O cheiro forte do couro nos bancos e no painel não deixa dúvidas quanto ao acabamento. Pudera: pede-se R$ 1,3 milhão pela California azul, amarela ou vermelha.
Pensando bem, dá até para esquecer, por 1s, daquele bendito segundo perdido em Interlagos. (FABIANO SEVERO)


Colaboraram FELIPE NÓBREGA e RICARDO RIBEIRO, da Reportagem Local
INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092


3s
é o tempo que a 1198 leva de 0 a 100 km/h, segundo a Ducati; a Ferrari completa a mesma prova em 3,9s

R$ 20 mil
é o preço do jogo de pneus da Ferrari California, que pode durar apenas dez voltas rápidas em Interlagos, assim como o jogo de pneus da Ducati, que custa R$ 2.000


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