São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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ENTREVISTA

Mercedes SLS, segundo Jackie Stewart

DO ENVIADO ESPECIAL

O salão mal havia aberto e sir Jackie Stewart já estava lá, analisando o Mercedes-Benz SLS AMG. O título de sir, dado pela rainha Elizabeth 2ª, é um agradecimento ao tricampeonato de Fórmula 1 (69, 71 e 73). "Tenho sorte de estar vivo", diz Stewart, que acaba de reeditar sua mais completa autobiografia ("Winning is not enough", sem versão para o Brasil). Ao lado do SLS, o "escocês voador" conversou com a Folha, com exclusividade, e, aos 70 anos, revelou o sonho de correr com o Gullwing (Asa de Gaivota) 1957 na Mille Miglia. (FABIANO SEVERO)

 

FOLHA - O que o senhor achou do SLS?
JACKIE STEWART
- Sem dúvida, é mais bonito ao vivo do que em fotos. A frente do carro é bem grande e a traseira é curtinha. Mas, por trás, não parece pequena. De frente, as linhas do capô deixam o carro largo, com um equilíbrio entre as formas. É um carro grande. Não sei se é um grande carro. Deve ser.

FOLHA - Além das portas, há mais semelhanças com o primeiro 300 SL, de 1954?
STEWART
- A principal delas é o chassi mais robusto [por isso as portas são curtas e se abrem para cima], além da posição dos bancos. Como eles ficam muito recuados, próximos ao eixo traseiro, o piloto sente todas as reações do carro. Cada saída de traseira pode ser sentida pelo quadril. Uma sensação ótima.

FOLHA - Como era a sensação de guiar o 300 SL antigo?
STEWART
- O Gullwing era incrível. Aliás, às vezes, dou umas voltas com o carro. Meu filho, Mark, tem um, ano 1957, um dos últimos. Aliás, vamos correr com ele nas Mil Milhas italianas, em maio.

FOLHA - O carro está original?
STEWART
- O Gullwing é o mesmo de 1957. Tem um motor 3.0 de seis cilindros. Não sei ao certo a potência, mas acho que são 215 cv [o SLS de hoje usa um motor AMG 6.2 V8 de 571 cv]. Há adaptações no interior, como os cintos de quatro pontos. É exigência das Mil Milhas Clássicos.

FOLHA - Na época, você chegou a competir com o 300 SL?
STEWART
- Infelizmente, não. Em 1955, aconteceu aquele acidente com a Mercedes em Le Mans [o 300 SL bateu e os destroços voaram no público, matando 77 pessoas]. A Mercedes ficou anos fora das corridas. Quando voltou, nos anos 80, eu já havia parado de correr. Tudo bem. Tenho sorte de estar vivo. Sou de uma era em que pilotos morriam nas pistas. Estou aqui [risos].


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