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ENTREVISTA
Mercedes SLS, segundo Jackie Stewart
DO ENVIADO ESPECIAL
O salão mal havia aberto
e sir Jackie Stewart já estava lá, analisando o Mercedes-Benz SLS AMG. O
título de sir, dado pela rainha Elizabeth 2ª, é um
agradecimento ao tricampeonato de Fórmula 1 (69,
71 e 73). "Tenho sorte de
estar vivo", diz Stewart,
que acaba de reeditar sua
mais completa autobiografia ("Winning is not
enough", sem versão para
o Brasil). Ao lado do SLS, o
"escocês voador" conversou com a Folha, com exclusividade, e, aos 70 anos,
revelou o sonho de correr
com o Gullwing (Asa de
Gaivota) 1957 na Mille
Miglia.
(FABIANO SEVERO)
FOLHA - O que o senhor
achou do SLS?
JACKIE STEWART - Sem dúvida, é mais bonito ao vivo
do que em fotos. A frente
do carro é bem grande e a
traseira é curtinha. Mas,
por trás, não parece pequena. De frente, as linhas
do capô deixam o carro
largo, com um equilíbrio
entre as formas. É um carro grande. Não sei se é um
grande carro. Deve ser.
FOLHA - Além das portas, há
mais semelhanças com o primeiro 300 SL, de 1954?
STEWART - A principal delas é o chassi mais robusto
[por isso as portas são curtas e se abrem para cima],
além da posição dos bancos. Como eles ficam muito recuados, próximos ao
eixo traseiro, o piloto sente todas as reações do carro. Cada saída de traseira
pode ser sentida pelo quadril. Uma sensação ótima.
FOLHA - Como era a sensação
de guiar o 300 SL antigo?
STEWART - O Gullwing era
incrível. Aliás, às vezes,
dou umas voltas com o
carro. Meu filho, Mark,
tem um, ano 1957, um dos
últimos. Aliás, vamos correr com ele nas Mil Milhas
italianas, em maio.
FOLHA - O carro está original?
STEWART - O Gullwing é o
mesmo de 1957. Tem um
motor 3.0 de seis cilindros.
Não sei ao certo a potência, mas acho que são 215
cv [o SLS de hoje usa um
motor AMG 6.2 V8 de 571
cv]. Há adaptações no interior, como os cintos de
quatro pontos. É exigência
das Mil Milhas Clássicos.
FOLHA - Na época, você chegou a competir com o 300 SL?
STEWART - Infelizmente,
não. Em 1955, aconteceu
aquele acidente com a
Mercedes em Le Mans [o
300 SL bateu e os destroços voaram no público,
matando 77 pessoas]. A
Mercedes ficou anos fora
das corridas. Quando voltou, nos anos 80, eu já havia parado de correr. Tudo
bem. Tenho sorte de estar
vivo. Sou de uma era em
que pilotos morriam nas
pistas. Estou aqui [risos].
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